Vem aí o concurso de acesso ao Ensino Superior
Dentro de dias tem início um período importante na vida de milhares de jovens portugueses. Serão confrontados com a escolha do curso de Ensino Superior que frequentarão nos próximos três anos.
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Para muitos jovens tratar-se-á do momento de concretização de um sonho antigo. Escolheram cedo o seu caminho e são agora confrontados com a possibilidade de ficar colocados nas suas primeiras escolhas. Para ainda mais jovens será um momento de hesitação, de dúvida, porque sentem serem muitas as escolhas e oportunidades, porque pensam poder realizar-se em cursos muito diferentes. Para outros, o momento será de menos felicidade por não terem conseguido a classificação necessária para concretizar o sonho, tendo por isso de fazer segundas escolhas. Em todos estes casos, falamos de jovens que sabem que o seu caminho é prosseguir estudos, é continuar a preparação para a vida adulta.
As instituições do Ensino Superior vivem estes dias também com expectativa. É sempre uma alegria ver chegar novas gerações de jovens, saber quantos são, que cursos procuram e observar como reagem, como recebem os cursos que planeámos para lhes oferecer. Esperando, sempre, que sejam mais do que no ano anterior.
Pessoalmente, porém, tenho uma preocupação maior com os jovens que, terminado o Secundário, desistem de continuar a estudar. Por razões económicas ou por terem perdido o interesse e a confiança nos caminhos que o Ensino Superior lhes oferece, vão juntar-se aos milhares de adultos já no mercado de trabalho, alimentando os défices de qualificação da população empregada.
Nestes casos, as instituições do Ensino Superior têm a responsabilidade de uma dupla missão. Em primeiro lugar, definindo estratégias de trabalho com as escolas secundárias da sua área de influência para melhorar as condições de aprendizagem e de sucesso, sobretudo a Matemática e a Português, quer dos alunos das vias científico-humanísticas quer dos alunos das vias profissionais. Em segundo lugar, respondendo ao défice de qualificações da população empregada e às necessidades de formação ao longo da vida, organizando e fazendo funcionar cursos em horários e modalidades adequadas a adultos empregados. Sendo que, para o sucesso desta segunda missão, seria importante que as entidades empregadoras, públicas e privadas, se mobilizassem para apoiar o regresso à universidade de adultos empregados motivados para tal.
Reafirmo o que tenho dito muitas vezes. Não existem vagas, cursos e instituições a mais, têm existido alunos a menos. Jovens e adultos.
*Professora universitária