Na semana passada, a Comissão Europeia (CE) publicou o Índice de Competitividade Regional - RCI 2022, que avalia a capacidade de uma região oferecer um ambiente atrativo e sustentável para empresas e residentes trabalharem e viverem. A CE organizou um evento de divulgação em Bruxelas, tendo convidado para efetuarem apresentações três regiões: Utrecht, nos Países Baixos - a melhor classificação (150,9 pts) - e as regiões não capital de Estado-membro que mais progrediram neste índice, nos últimos anos, o Norte de Portugal (+14 pts) e a Silésia, na Polónia (+12).
Corpo do artigo
Globalmente, o Norte ficou no escalão 90,1 a 100, tendo a inovação (no escalão 100,1 a 110) como indicador mais forte. De facto, o nosso progresso verificou-se em três dimensões: aspetos macroeconómicos (pilar-base); Ensino Superior e aprendizagem ao longo da vida (pilar eficiência) e prontidão tecnológica e sofisticação de negócio (pilar inovação).
Esta evolução deriva das apostas da Região na última década, evidenciadas por diversas estatísticas regionais, nomeadamente no aumento das exportações e na escalada de produtos e serviços nas respetivas cadeias de valor (seja em dispositivos de alta tecnologia ou em alguns dos melhores vinhos do Mundo).
É também o resultado de investimentos estratégicos em empresas e centros de inovação, bem como na formação avançada de recursos humanos, ambos em grande alinhamento com a estratégia regional de especialização inteligente.
Os dados também mostram diferenças entre as regiões capital e as outras, mais significativas em França, Portugal, Espanha e países do Leste, e reduzidas na Alemanha ou nos Países Baixos.
Este assunto teve eco na imprensa portuguesa. O jornal "Público", na edição de 3 de abril, escreveu: "Quase ninguém evoluiu mais, entre 2016 e 2022, do que o Norte e a Madeira. No entanto, estas regiões continuam mal posicionadas. E o fosso entre Lisboa e o resto é dos maiores da Europa". Já o "Expresso" noticiou, em 28 de março: "A Área Metropolitana de Lisboa está muito à frente do Norte, a segunda região mais bem classificada pelo índice de competitividade regional ".
Ora, estes resultados evidenciam que Portugal é dos países mais desequilibrados da Europa em termos de desenvolvimento. Mostram o esforço que o Norte faz para, no contexto centralista vigente, ter uma convergência com as regiões mais desenvolvidas. E mostram o pensamento fazedor de opinião da capital, reduzido à dimensão futebolística de "Lisboa está muito à frente do Norte". De facto, o centralismo tem muitas sombras.
*Presidente da CCDR-N