Paulo BaldaiaToda a confusão é possívelNão me parece que seja necessário um QI muito elevado para distinguir entre informação obtida ilicitamente que tem relevância criminal e que não tem relevância de espécie alguma.
Paulo BaldaiaDiz-que-diz-e-não-dizNo diz-que-diz da política à portuguesa, há poucas coisas mais estranhas que políticos a desmentir que tivessem dito o que deveras disseram. Eles desmentem porque, na verdade deles, o contexto em que disseram o que disseram mostra que queriam dizer coisa diferente. Ou, pelo menos, que as pessoas pensassem de modo diferente sobre aquilo que efetivamente eles falaram. Não tenha receio de se perder neste diz-que-disse, porque o leitor, por certo, faz parte do grupo que há muito confirmou que Rui Rio disse efetivamente que poderia negociar com o Chega se o Chega ficasse mais moderado e Ana Mendes Godinho disse efetivamente que a dimensão dos surtos nos lares não é demasiado grande. Então, porque se perderam eles?
Paulo BaldaiaAvante com a Festa (em formato revisto e reduzido)Se há regras para o funcionamento dos restaurantes e eles podem estar abertos; se há regras para a realização de espetáculos com lugares marcados e eles acontecem; se não é necessária autorização para fazer manifestações antirracistas e manifestações de racistas a dizer que Portugal não é um país racista, só defendendo a dualidade de critérios como uma coisa boa, se pode defender igualmente a proibição da Festa do Avante!.
Paulo BaldaiaA Constituição tem de ser respeitadaO Chega representa pouco mais de um por cento dos portugueses que votaram nas últimas eleições legislativas, mas quem veja a atenção que lhe dedicam os canais de televisão poderá ser tentado a pensar que já houve eleições depois de 2019 e que o partido de extrema-direita confirmou nas urnas as intenções de voto que lhe dão algumas sondagens. Como se não chegasse, ainda temos o Bloco de Esquerda a fazer do Chega o seu inimigo de estimação, dando-lhe em permanência a atenção de que ele precisa para continuar a crescer nas intenções de voto. Melhor do que isso, só os seus apoiantes com discursos racistas em manifestações antirracistas, mais os líderes partidários de Direita (Rui Rio e Francisco Rodrigues dos Santos) a dar razão às oportunistas manifestações de André Ventura, corroborando a ideia de que racismo não é coisa dos portugueses.
Paulo BaldaiaA Democracia não tem hora marcadaSinto-me numa autoestrada com toda a gente a andar em sentido contrário, ou na tropa com todos a marchar de perna trocada. A probabilidade de eu estar certo e todos os outros errados é praticamente nula. No entanto, verifico os meus argumentos e os argumentos dos outros e não me convenço. O escrutínio ao Governo não tem hora marcada, quase nunca é feito nos debates quinzenais.
Paulo BaldaiaE se o povo acusasse Mário Nogueira?Quando as escolas fecharam e o ensino à distância teve de avançar, a Fenprof apressou-se a colar cartazes, afirmando que "nada substitui o professor e nada substitui a escola". Não esteve sozinha.
Paulo BaldaiaSaberemos o que fizermos neste verãoCansados, com um verão que chegou carregado de calor, os portugueses não querem ter que se preocupar com o que vai chegar no fim das férias, com o regresso das aulas. Não queremos pensar nisso, nessa segunda vaga que as autoridades de saúde garantem que vai chegar, mas devíamos. Melhorar os nossos comportamentos de defesa (uso de máscara, higienização das mãos e distanciamento social) pode fazer toda a diferença para chegarmos com menos pressão ao outono. Nessa altura, com o regresso das aulas, que todos queremos presenciais, haverá um crescimento de contágios, com um agravamento no inverno, altura em que o SNS vai ter de tratar simultaneamente a gripe e a covid.
Paulo BaldaiaO país vai arder. Alguém quer saber?Ainda não chegamos em força à época dos fogos, mas a temperatura começou a subir e com ela a nossa preocupação.
Paulo BaldaiaO autocarro da vergonhaÉ criminosa a forma como são tratados os trabalhadores da periferia de Lisboa. Recorro a esta hipérbole para descrever uma situação que, não estando tipificada no Código Penal, nos devia envergonhar a todos, de uma forma geral, e aos políticos, de forma muito particular. A estatística que diz que comendo eu um frango e o meu vizinho nenhum comemos metade cada um também nos diz que os transportes públicos cumprem a lotação reduzida imposta pela pandemia, fazendo a média dos transportes que andam sobrelotados no leva-e-traz dos trabalhadores e vazios no resto do tempo.
Paulo BaldaiaQuem nunca foi jovem, que atire a primeira pedraNa procura de um caminho para vencermos a pandemia e ultrapassarmos as consequências das nossas decisões, fizemos o confinamento com o que parecia ser conta, peso e medida, mas no desconfinamento não estamos a acertar. O epicentro pode agora estar na juventude, como volta a estar em lares de terceira idade, ou esteve há bem pouco tempo em grandes armazéns de distribuição, em transportes públicos ou em alojamentos de imigrantes e trabalhadores precários da agricultura. Em cada momento, uma desculpa. Durante todo o tempo, uma culpa coletiva.
Paulo BaldaiaSomos "nós" e somos "os outros"O espaço público está carregado de intolerância, com profissionais do radicalismo a contagiar cidadãos outrora moderados e quem tem as maiores responsabilidades políticas faz que não vê, apenas porque não sabe como sair do beco onde nos estamos a meter. Há um exército quase infinito de pessoas disponíveis para se alistar, a começar pelos que não suportam as suas próprias fragilidades.
Paulo BaldaiaA arrogância dos "puros"Na radicalização em que prossegue o debate político, fica difícil ser moderado sem ser acusado de estar a defender o contrário do que realmente se defende.
Paulo BaldaiaAntifascista e contra os antifasTodos os pretextos servem para fazer crescer o confronto entre grupos que se odeiam cada vez mais. Passa-se à escala global e agora querem meter-nos a todos lá dentro, nesse espaço impregnado de intolerância, onde quem não é por eles, é pelo inimigo. Da morte de mais um afro-americano às mãos da Polícia até à obrigação de ter de escolher entre os antifas e os fascistas foi uma pressinha.
Paulo BaldaiaEstado social é forte com os fracosNão nos deixemos iludir com as praias cheias de gente bem-disposta, ora cumprindo, ora não cumprindo as regras que todos sabemos serem essenciais para que o desconfinamento corra bem.
Paulo BaldaiaChutar bolas para a bancadaAfinal, o que é que preocupa os portugueses? Sendo português, estou um dez milhões de avos habilitado a responder a esta pergunta.
Paulo BaldaiaJogadores de todos os clubes, uni-vosUm jogador de futebol é um trabalhador e importa recordar que, mesmo na primeira divisão, não ganham todos ordenados milionários.
Paulo BaldaiaNem sempre o que parece éNum tempo em que o sucesso do combate se mede pela comparação com o que se passa noutros países, Portugal é visto como um exemplo. Parece ao Governo dos nossos vizinhos espanhóis que a nossa Oposição é melhor do que a deles. E se parece assim lá fora, parece ao contrário cá dentro, se atendermos a que a oposição ao líder da Oposição esperava uma crítica mais feroz à atuação do Executivo. Parece que estamos destinados a confirmar que "a galinha da vizinha é sempre melhor do que a minha".
Paulo BaldaiaContra a ditadura da CovidNão será muito difícil perceber que, em nome do combate à pandemia provocada pelo novo coronavírus, a Covid-19 passou a ter estatuto de deus e tudo o resto vale apenas na posição relativa que tem perante esta doença que é omnipresente, omnipotente, transcendente... Nesta relação com o supremo, começamos por sacrificar a economia e, estamos agora a perceber de forma evidente, sacrificamos também desde o primeiro momento os portadores de outras doenças.
Paulo BaldaiaJornalistas boicotaram 25 de Abril no ParlamentoToda a discussão à volta das cerimónias parlamentares do 25 de Abril só é possível porque houve 25 de Abril. Sem aquela madrugada, este texto não estaria nas páginas do JN e os comentários discordando ou concordando com os meus argumentos nunca poderiam ser escritos, nem lidos.
Paulo BaldaiaE se o combate fosse à desigualdade? Vai iniciar-se mais uma etapa no aprofundamento das desigualdades em que vivemos.
Paulo BaldaiaÉ tão fácil Marcelo bater em RioO que incomoda tanto em Rui Rio que está sempre a empurrar Marcelo para a oposição ao líder da oposição? Se Rio não faz é porque não faz, se faz é porque não devia fazer. E se o líder do PSD diz qualquer coisa que fique nos ouvidos dos portugueses, lá tem o presidente que aparecer a comentar.
Paulo BaldaiaOs profissionais da desgraçaNuma crise, em que impera a incerteza e o medo se impõe à racionalidade, resistir ao populismo é o único caminho para não tornar a cura tão fatal como a doença. Não há razão nenhuma para confiarmos nos que tudo criticam, porque eles serão os primeiros a criticar quando fizermos o que eles pedem.
Paulo BaldaiaSolidariedade: o antivírus mais poderosoPara os que se julgam muito corajosos e saem de casa não cumprindo as regras do bom senso, mantendo distância das outras pessoas, evitando grandes ajuntamentos, julgando que não lhes acontece nada, é preciso convencê-los a trocar a coragem pela inteligência, porque não é só a vida deles que está em causa, é também a de todos os outros com que se cruzam e que não têm como escapar a esse perigo.
Paulo BaldaiaO vírus que alimenta o populismoParece que está em curso um braço de ferro político que vai acabar com o presidente da República a declarar o estado de emergência. Cede-se a uma imensa maioria que, com medo, já se convenceu de que o vírus desaparece se decidirmos dar todo o poder à "autoridade" e pararmos totalmente a economia.
Paulo BaldaiaVem aí a crise e a culpa é do PSDA inevitabilidade de uma crise, mais ou menos intensa, nesta legislatura, era previsível para muita gente.