Projeto "Eu Sou um Herói", uma ideia do presidente da Junta, arrancou no início do ano e 900 estudantes já têm formação em emergência.
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Mais de 900 alunos das escolas de Rio Tinto, em Gondomar, já sabem como salvar vidas, depois de obterem competências básicas em emergência. O projeto "Rio Tinto Eu Sou um Herói" está em marcha e, até ao final de 2023, deve chegar a 1600 estudantes. Em três anos, todos os alunos da freguesia terão a formação, afiança o presidente da Junta, Nuno Fonseca, mentor do projeto.
Desde que se tornou presidente da Junta de Rio Tinto, Nuno Fonseca, técnico de emergência médica, acalentava "o sonho" de um dia ver todas as escolas da freguesia, das básicas à secundária, com alunos "capazes de agir em situações de emergência". A falta de apoio financeiro foi adiando a ideia até que, no ano passado, foi possível obter 10 mil euros através de uma candidatura submetida ao Conselho Local de Desenvolvimento Social. Assim surgiu a oportunidade de concretizar o projeto "Rio Tinto Eu Sou um Herói".
Nuno Fonseca recorda-se que falou do projeto a Nelson Pereira, diretor da Urgência do Hospital de S. João, que o "apadrinhou", trazendo-lhe "uma mudança de paradigma". "Alertou-me que o projeto podia não sobreviver quando eu deixasse as atuais funções e aconselhou-me a ensinar as escolas a pescarem, em vez de lhe darmos o peixe. Na prática, em vez de contratarmos formadores, desafiamos professores e assistentes a receberem a formação de suporte básico de vida". Para isso, a Junta teve a parceria do Conselho Português de Ressuscitação e formou 20 pessoas, "cinco por cada um dos quatro agrupamentos da freguesia". A formação arrancou com alunos dos 4.º, 6.º, 8.º e 10.º anos.
"Grande aventura"
Sandra Pinto, professora do 1.º Ciclo, lembra-se de pensar que ia meter-se numa "grande aventura" quando foi desafiada a fazer a formação. Agora, que está a passar aos alunos o que aprendeu, afirma, sem reservas, que "dá gosto".
Na Secundária de Rio Tinto, a formação decorre na sala de apoio ao teatro, "por ter mais espaço", conta o diretor do agrupamento, Nuno Santos. A experiência "está a correr muito bem".
No chão, perante uma aluna que finge estar inconsciente, são treinados os passos da "cadeia de sobrevivência", repetindo-se os movimentos até se tornarem mecânicos. "E por que é que é importante colocar a pessoa em posição lateral de segurança?", pergunta uma das docentes que é formadora. A resposta de uma aluna do 10.º ano sai pronta: "Porque faz com que a via aérea fique aberta, impedindo que a língua fique obstruída e reduz o risco do vómito entrar nos pulmões ".
Matilde Magalhães, 16 anos, quer seguir Medicina e acompanha a formação com entusiasmo: "É muito pertinente esta atividade que permite simular situações da vida real e a formação acaba por ser muito intuitiva".
Nuno Fonseca confessou, orgulhoso, que "este vai ser um projeto que as escolas não vão querer perder", assumindo que "o passo seguinte passará por dotar as escolas de desfibrilhadores (cada um custa cerca de 1500 euros)". Assim haja patrocinadores com vontade de ajudar...
Formação por ciclos
De acordo com o presidente da Junta de Rio Tinto, Nuno Fonseca, a formação arrancou junto de alunos dos 4.º , 6.º , 9.º , e 10.º anos, com o intuito de formar vários níveis etários, e permitindo a cada estudante voltar a repetir a formação, com outra exigência, de quatro em quatro anos.
Orçamento
Só para a formação dos primeiros 20 formadores foram gastos cerca de 7500 euros. Mas foi também a Junta que cedeu às escolas todo o material de apoio: manequins, máscaras e até o manual do curso de competências básicas em emergência, oferecido a cada aluno.