<p>Às 22 horas de ontem, terça-feira, as águas do rio Douro, no Peso da Régua, já tinham subido mais dois metros, em relação ao cenário verificado às 17 horas. Nessa altura, o caudal já tinha aumentado quatro metros sobre o cenário habitual.</p>
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Perante a ameaça da cheia chegar à Avenida João Franco, a chamada marginal, alguns dos comerciantes começaram a retirar os seus haveres para evitar prejuízos maiores.
No armazém de venda a grosso de produtos de mercearia, Maria Odete, familiares e amigos retiravam ontem à noite o mais que podiam para um outro armazém situado numa zona mais segura, ainda dentro da cidade. Mas, segundo disse ao JN, “desde a semana passada que se trabalha na limpeza dos dois andares inferiores”. É que, se a barragem de Bagaúste, na Régua, chegar a debitar 7900 metros cúbicos de água por segundo, ainda durante esta noite, a água poderá inundar completamente os tais andares inferiores e chegar mesmo ao rés-do-chão. Maria Odete ainda tem bem presente na memória a cheia de 1989, quando chegou ao primeiro andar. “Se a casa tivesse rodas, eu bem sei que a levava daqui para fora”, disse.
Sem mãos a medir, Bruno Almeida, ajudado por amigos, tratava de retirar as centenas de garrafas de vinho, bem como produtos gourmet. “Desde as três horas da tarde que andamos nisto”, adiantou, enquanto o amigo José Reis criticava a “falta de ajuda por parte da Protecção Civil”. Alice Moutinho também reuniu a família para limpar totalmente a garagem da casa, junto à Avenida João Franco. Numa carrinha carregava-se todo o tipo de materiais, como mobiliário e garrafões de vinho.
O comandante dos Bombeiros Voluntários da Régua, António Fonseca, disse que “até às 2.00 horas da madrugada de quarta-feira, o caudal do rio Douro deverá subir mais dois ou três metros”, o que inundará a zona da Barroca, junto à cidade da Régua, onde vivem algumas dezenas de pessoas. “Para atingir a Avenida João Franco será preciso que o nível da água suba mais cinco a seis metros”, acrescentou, sem arriscar uma previsão se tal poderá ou não ocorrer. “Tudo depende da quantidade de água que vier de Espanha e das condições meteorológicas na região”.