"Sinto-me aliviada aliviada por estar viva. Se viesse mais atrás no autocarro não sei se estaria". A frase é de Ana Paula Milho, 39 anos, passageira que seguia num dos bancos da frente e mulher do motorista do autocarro que este domingo se despistou em Carvalhal, Sertã.
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Ana Paula foi a primeira das 13 vítimas transportadas para Coimbra a ter alta, no Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra (CHUC), por volta das 12.30 horas. A filha, Beatriz, de nove anos, foi transportada para o Hospital Pediátrico de Coimbra, com muitas dores num braço. O marido, Marco Correia, está internado no Hospital de Castelo Branco, com queixas na coluna e numa perna.
A mulher do motorista recorda que o acidente se deu cerca de meia hora depois de uma paragem forçada em Proença-a-Nova, para assistir um passageiro que tinha tido uma quebra de tensão. "Notei que o meu marido não tinha controlo no autocarro a fazer uma curva porque havia uma lomba que não estava à espera, e tentou desviar-se de alguma coisa". Depois disso, só se lembra do embate e das três ou quatro cambalhotas do autocarro.
Choque ao ver vítimas
Após a queda, Ana Paula não viu o marido. Entrou em pânico. Encontrou-o junto a uns eucaliptos, para onde foi projetado. Com ajuda de outro passageiro, conseguiu sair do autocarro.
Ermelinda Ramalho, outra das sobreviventes, contou que o despiste ocorreu "de uma forma rápida" e que o autocarro era "antigo" e não tinha cintos de segurança. "O motorista tentou desviar-se" da água". Após esse momento, os ocupantes não ouviram "mais nada" a não ser o autocarro a "bater no 'rails'". "As pessoas saltaram pelas janelas e partiram os vidros. Havia mortos no chão e pessoas partidas".
Maria Teresa Zangarilho, outra excursionista, partilha do susto: "Caí nas silvas, fiquei com a cabeça debaixo do autocarro, uma pessoa ficou em cima de mim".
No CHUC mantêm-se internados dois feridos, dois com vigilância mais apertada e uma mulher de 60 anos que será operada à coluna. No Hospital dos Covões estão mais duas vítimas, de 38 e 42 anos. As quatro crianças internadas no Hospital Pediátrico de Coimbra, com idades entre os 22 meses e os 12 anos, não inspiram cuidados de maior.