O excesso de alumínio detectado na água que serve a cidade de Évora terá sido causado pelo tratamento que é feito para limpar a turvação, defenderam o Ministério do Ambiente e a associação ambientalista Quercus.
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"Até ao momento não foi registado excesso de alumínio em mais lado nenhum, das barragens tuteladas pelo INAG [Instituto Nacional da Água]. O problema não teve a ver com a barragem, teve a ver com o tratamento", disse à agência Lusa fonte do ministério.
Francisco Ferreira, da Quercus, afirmou que "tudo indica que a origem esteja no tratamento", já que para tratar a água é necessário utilizar sulfato de alumínio, que deverá ter sido colocado em demasia para limpar o excesso de sujidade da água decorrente das enxurradas.
A água superficial, que é tirada de barragens e albufeiras, precisa ser tratada através de processos que retirem os sólidos dissolvidos e suspensos, para que a água chegue límpida.
Esse processo, denominado coagulação/floculação, consiste em pôr uma substância - o sulfato de alumínio - na água, criando flocos que depois são filtrados, explicou.
"A água ficou completamente barrenta. Parece que houve aqui uma impossibilidade deles [Estação de Tratamento de Águas] acertarem na afinação da quantidade de sulfato de alumínio para que o problema ficasse resolvido. Estavam a pôr reagente a mais para tentar flocular, mas havia parte desse alumínio que estava a seguir", considerou.
Questionado sobre a possibilidade de os metais terem aparecido na água da barragem em consequência das enxurradas, e não do tratamento, Francisco Ferreira considerou extremamente improvável, afirmando nunca ter tido conhecimento de situação semelhante, até porque "tipicamente o alumínio na água esta normalmente associado ao tratamento".
"De qualquer forma, se fosse esse o caso seria mais dramático ainda, porque significaria que há problemas ao nível dos sedimentos da albufeira, que há concentrações elevadas de alumínio na albufeira que continuam", alertou.
Quanto a riscos para a saúde da existência de alumínio na água, Mário Durval, presidente da Associação Nacional de Médicos de Saúde Pública, disse que esse problema só se colocaria perante a "ingestão de excesso de metais, que só se coloca se tomada muito tempo".
"Temos limites acima dos quais a água se considera imprópria. Se houver um volume acima dos limites máximos admissíveis, não há problema se essa toma for curta", afirmou.