Rastreio gratuito avalia saúde oral de mil idosos de instituições sociais e dá acesso a tratamentos.
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Sem sair da instituição que frequentam, seja na vertente de lar, centro de dia ou centro de convívio, cerca de mil idosos de Penafiel estão a ter acesso a um rastreio oral gratuito que, com base num "kit" inovador, faz ainda o diagnóstico de cancro (oral, em particular), com recolha de células, "de forma rápida, não invasiva e indolor". O objetivo é identificar as necessidades dos utentes, para, numa segunda fase, se iniciarem os respetivos tratamentos dentários. Trata-se de uma parceria entre o Município de Penafiel e a Cespu - Cooperativa de Ensino Superior Politécnico e Universitário.
"Vamos só ver as suas gengivas, está bem?", diz o médico dentista, professor e investigador da Cespu, Fernando Ferreira, a um dos utentes do Centro Social Paroquial de Santo Estêvão de Oldrões. Tiram-se notas sobre os dentes em falta e avaliam-se possíveis lesões. Ainda é cedo para conclusões, mas, refere o médico, os idosos têm "na maioria dos casos, dentes perdidos que não foram repostos, dentes fraturados ou lesões nas mucosas e língua". "Muitos deles não vão ao dentista há muito tempo, por questões de mobilidade e dificuldades financeiras. A saúde oral vai ficando para trás", admite.
Se não dói não se vai ao dentista. Parece ser a máxima da maioria dos idosos. "Só vou ao dentista quando é preciso, quando dói. Se não dói não vou lá fazer nada", acredita Alzira Carvalho, de 82 anos.
Manuel Azevedo, de 87 anos, não vai ao dentista desde antes da pandemia. "Se precisar de ir ao dentista eu tenho possibilidade, mas há outros idosos que precisam do dinheiro da consulta para comer", assinala. "Para quem está reformado, e eu tenho uma reforma pequena, ir ao dentista custa um bocadinho. Corta-se numas coisas para dar para as outras", explica Teresa Ferreira.
Necessidade
A vereadora com o pelouro Saúde, Daniela Oliveira, destaca a importância deste acompanhamento em "proximidade". "O idoso não tem de se deslocar. Além do rastreio, também os possíveis tratamentos serão nas instituições [sempre que possível]", revela. Este projeto piloto nasce da necessidade identificada nestas populações, havendo mesmo seniores que "nunca foram ao dentista".
"Se não fosse desta forma muito dificilmente alguns teriam acesso a estes serviços. Nestas idades a saúde oral é um bocadinho descurada e depois tem repercussões", admite Elisabete Rocha, diretora técnica da instituição, onde 56 utentes fizeram o rastreio.