O Tribunal da Relação de Guimarães confirmou a sentença do Tribunal Cível de Braga que deu como provado que o Parque da Ponte, reclamado pela arquidiocese, pertence ao Município.
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A Relação já havia decidido no mesmo sentido, mas a Igreja apelou para o Supremo Tribunal de Justiça, tendo este dado ordem para que o caso voltasse a ser julgado. A arquidiocese alegou "abuso de direito" da Câmara, o que a Relação rejeitou.
No recurso, a Igreja argumentou que o parque sempre lhe pertenceu, contrariando o Tribunal Cível que, em 2020, considerou que é do domínio municipal, desde 1800. Diz, ainda, que os 24 mil metros quadrados do parque são da Quinta da Mitra, expropriada em 1911 à Igreja, e integravam a capela de S. João.
Na contestação, o advogado Paulo Viana lembrou que o local é ocupado por ruas, pontes, passeios, iluminação pública, tudo cuidado, mantido e conservado pelos serviços municipais. E a ele acedem todos quanto querem merendar, passear, praticar desporto, realizar feiras de gado ou as festas de S. João.
Esta querela foi antecedida por outras: sobre a posse de terrenos no Picoto e após a proibição de os fiéis estacionarem junto à Sé. O que prejudicou as relações entre o ex-arcebispo D. Jorge Ortiga e o autarca Ricardo Rio. E culminou na recusa de D. Jorge em integrar a candidatura a Capital Europeia da Cultura. Em espera está, ainda, a compra pela Câmara, por 270 mil euros, de terrenos da Igreja onde, em 1990, foi construído o bairro do Picoto.
O JN questionou o novo arcebispo, D. José Cordeiro, tendo este dito que está a estudar os dossiês. Já sobre a possibilidade de se reunir com o autarca, fez saber que "já manifestou interesse e disponibilidade para dialogar e colaborar na construção do bem comum". "Logo que as circunstâncias o permitam, dialogaremos", sublinha.