Cada vez há mais estrangeiros a participar no Encontro de Estátuas Vivas que se realiza em Espinho. Nesta 14ª edição a República foi o tema proposto.<br />
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Como na mitologia grega e encarnando a figura de Pandora, Zsuzsanna Hollósy, húngara, fita com um olhar curioso um púcaro de barro com tampa, qual caixa que se prepara para abrir libertando todos os males do mundo.
Os olhos estão fixos no objecto proibido pelos deuses durante duas horas e meia. “Entro num tal estado de meditação e abstracção que dizem que pareço ser mesmo de pedra”, conta.
A experiência da imobilidade não é nova para Zsuzsanna, tendo já passado por vários encontros de estátuas vivas incluindo o famoso encontro mundial de Amesterdão, na Holanda. No de Espinho, que decorreu ontem no largo da Câmara e no parque João de Deus, foi a sua primeira vez.
“Claro que era bom ganhar, mas participar já é muito bom e no meu caso digo-o sinceramente. É um bocadinho difícil, aguentar o tempo todo na mesma posição, mas vale a pena”, fez notar.
A contar já com 14 edições, o encontro de Estátuas Vivas de Espinho, que reuniu ontem 37 estátuas, provou que já saltou fronteiras, incluindo as da criatividade e imaginação, e atrai cada vez mais público e mais participantes estrangeiros.
É o caso de Robson Rodrigues. Natural de Curitiba, no Paraná, mas a viver em Espanha há já cinco anos, o brasileiro aproveitou as férias para participar no encontro.
“Nunca tinha vindo a Espinho, mas dá para perceber que é um encontro com qualidade. Não tem prémios tão aliciantes como o mundial da Holanda, para o qual há pessoas que se preparam durante um ano inteiro, mas este parece ser muito bom e os prémios também”, explicou Robson que apesar de ser pasteleiro, preferiu encarnar um varredor de rua.
Curiosamente Robson não foi o único varredor do evento. É que, dado o prémio especial de júri estar prometido à melhor estátua que evocasse o centenário da República, havia mais quem varresse, neste caso a Monarquia, como o fizeram Elisabeth Nóbrega e Sandra Bernardo que compuseram a estátua “E tudo a República varreu”.