O Bloco de Esquerda considerou, esta terça-feira, que o "Governo tem que decidir qual é a justificação que quer dar" sobre o Conselho de Ministros de sábado, acusando o primeiro-ministro de "mais uma vez estar a desmentir aquilo que disse".
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A cabeça de lista do BE às europeias, Marisa Matias, falava aos jornalistas no final de uma visita à feira de Évora, onde foi questionada sobre o facto de o Governo ter garantido que escolheu sábado para realizar o Conselho de Ministros por se completarem, nesse dia, três anos do programa de resgate.
"O Governo tem que decidir qual é a justificação que quer dar porque fez também um Conselho de Ministros extraordinário, que na realidade foi um comício. Fizeram uma festa enorme na altura que foi a declaração da saída limpa e disse na altura o primeiro-ministro que fazia nessa data, há cinco dias atrás [na passada quinta-feira], para não ter que fazer nada no dia 17 de maio porque já ia entrar em campanha eleitoral e não queria interferir", considerou.
Na opinião da eurodeputada recandidata "a única justificação é o próprio primeiro-ministro mais uma vez estar a desmentir aquilo que disse há cinco dias".
"Na realidade isto mostra uma grande nervoseira por parte do Governo porque prometeu há cinco dias que não iria fazer nada no dia 17 de maio para não interferir nas eleições e agora como vê que as coisas não estão a correr bem, decide fazer no dia 17 como um ato de pura propaganda", reiterou.
Em carta enviada à Comissão Nacional de Eleições (CNE), o Governo explica que "a escolha do dia 17 de maio para a realização de um Conselho de Ministros não decorre da adoção de qualquer critério de oportunidade política mas antes do simples facto de o Programa de Assistência económica e Financeira a Portugal ter a duração de três anos".
A explicação foi pedida pela Comissão Nacional de Eleições depois de a CDU ter apresentado, na segunda-feira, um protesto contra a realização do Conselho de Ministros em plena campanha eleitoral para as europeias de 25 de maio.
Um protesto que surgiu poucas horas depois de a CNE ter admitido ter dúvidas sobre a possibilidade de essa reunião de ministros para apresentação da estratégia futura poder violar a regra de imparcialidade das entidades públicas durante as campanhas eleitorais.
Também o BE anunciou segunda-feira que ia apresentar uma queixa à CNE sobre esta situação.