O Presidente da República lembrou, esta quarta-feira, a solidariedade portuguesa para com a Grécia, que já representou a saída de muitos milhões de euros da "bolsa dos contribuintes portugueses", e fez votos para um entendimento daquele país com a Europa.
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"Portugal tem vindo a demonstrar solidariedade em relação à Grécia para que ela permaneça na zona do Euro, para além do empréstimo que fizemos à Grécia de cerca de mil e 100 milhões de euros, Portugal tem vindo a transferir para a Grécia o produto dos juros das obrigações na posse do Banco de Portugal, o que significa muitos milhões de euros que saem da bolsa dos contribuintes portugueses", afirmou o chefe de Estado, Aníbal Cavaco Silva, quando questionado sobre a situação grega.
Notando que nas últimas semanas "o Governo grego já aprendeu bastante sobre o funcionamento da União Económica e Monetária" e tem vindo a corrigir as suas posições, Cavaco Silva fez votos para que essa correção prossiga para que se possa chegar a um entendimento na reunião extraordinária do Eurogrupo que se realiza em Bruxelas, esta quarta-feira.
"Cada dia a Grécia ou o Governo grego toma conhecimento melhor da realidade da União Económica e Monetária, portanto tenho alguma esperança de que continue a evoluir por forma a que se alcance um acordo", sublinhou.
O Presidente da República, que falava aos jornalistas à saída da sessão de abertura do X Congresso Nacional do Milho, que decorre num hotel de Lisboa, lembrou a propósito a interdependência que existe entre as economias europeias, sublinhando que é preciso ter em conta que todos os Governos respondem perante os seus eleitorados, tal como o executivo grego.
Por isso, continuou, sendo a União Económica e Monetária um espaço onde existe políticas comuns é fundamental que existam regras e que sejam respeitadas por todos, tal como os compromissos anteriormente assumidos pelos respetivos Governos.
Lembrando a sua formação como economista, Cavaco Silva reconheceu ainda que "seria um desastre total para a Grécia" se saísse do Euro.
Cavaco Silva voltou também a distinguir a situação da Grécia - onde as taxas de juro estão a chegar aos 20% - da situação de Portugal, um país "que cumpriu os seus compromissos", já saiu do acordo com a 'troika' sem necessitar de um segundo resgate ou programa cautelar e que se encontra numa "situação bastante sólida".
O Presidente da República ressalvou, contudo, que apesar de ser natural que cada país defenda os seus interesses, "cada um não pode fazer aquilo que muito bem entende, porque ao fazê-lo vai prejudicar os outros".
Interrogado se a própria Europa também devia evoluir nas suas posições, o chefe de Estado recordou que há muito que defende que a União Europeia "podia fazer muito melhor" em algumas áreas, nomeadamente no reforço de uma agenda de crescimento económico e de combate ao desemprego.
Mas, continuou, isso "que requer que alguns países que tenham margem de manobra façam políticas orçamentais mais expansionistas".
"A palavra solidariedade tem de estar sempre ao lado da palavra responsabilidade, somos solidários, mas temos de ser responsáveis", disse já a terminar.