O CDS-PP mostrou-se "perplexo" com as afirmações da ministra da Saúde sobre a venda de medicamentos em unidose, acusando o Governo de "recuar em toda a linha".
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A ministra da Saúde, Ana Jorge, admitiu ontem, segunda-feira, em entrevista à SIC, que a venda em unidose é "difícil de implementar" e que a solução deverá passar pelo "redimensionamento" das embalagens e não pela dispensa em quantidade individualizada do medicamento.
No programa "Sinais de Fogo", Ana Jorge frisou também que a venda de medicamentos em unidose comporta riscos de contrafacção.
Por outro lado, a distribuição é mais cara para o utente e para o Estado, referiu a governante, lembrando ainda que a venda em unidose deixou de ser uma prática em países onde teve utilização, como o Reino Unido. Em Espanha, a medida foi chumbada após um período experimental.
"Ouvi com grande perplexidade [as declarações da ministra]. É um recuo em toda a linha numa promessa do Governo de há cinco anos atrás", declarou à Agência Lusa a deputada centrista Teresa Caeiro, que há vários anos defende a venda de medicamentos em unidose.
A deputada sublinhou que a venda de medicamentos em dose única pode permitir ao Estado uma poupança anual entre 180 e 200 milhões de euros, trazendo igualmente "grandes vantagens" para os cidadãos.
A lei que autoriza a venda de medicamentos em unidose nas farmácias de oficina e nas instaladas nos hospitais públicos - por um período experimental de um ano - entrou em vigor a 07 de Junho de 2009, mas segundo a Autoridade Nacional do Medicamento (Infarmed) ainda nenhuma farmácia mostrou interesse em aderir à dispensa unitária de medicamento.
Para Teresa Caeiro, a regulamentação desta lei foi feita "mal e apressadamente", o que resultou num desinteresse das farmácias e numa ausência de prescrição por parte dos médicos.
Quanto à proposta de redimensionamento das embalagens avançada pela ministra, o CDS lembra que dificilmente se conseguirá atingir uma dimensão adequada às necessidades dos utentes.