O antigo presidente da República Ramalho Eanes considerou esta quarta-feira a ausência da Associação 25 de Abril da sessão solene no Parlamento "perfeitamente razoável", mas escusou-se a comentar a decisão de Mário Soares de também não estar presente.
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"Essa associação tomou uma atitude que é perfeitamente razoável tendo em consideração aquilo que é a sua posição enquanto organização da sociedade civil. Todos os cidadãos, quaisquer que sejam e quaisquer que são as funções que desempenham, têm o direito de ter opinião, de a expressar, mesmo que seja uma opinião crítica", afirmou o antigo chefe de Estado, em declarações aos jornalistas à saída da Assembleia da República, onde decorreu a sessão solene das comemorações do 25 de Abril.
Sublinhando que liberdade também é ter liberdade de expressão, Ramalho Eanes escusou-se, contudo, a comentar a decisão do antigo presidente da República Mário Soares de também não comparecer no Parlamento em solidariedade com a Associação 25 de Abril, da qual fazem parte alguns dos chamados 'capitães de Abril'.
"Em relação ao doutor Mário Soares eu não quero dizer nada, em relação a ele eu não gosto de tecer comentários a não ser quando sou obrigado a isso", disse.
Perante a insistência dos jornalistas num comentário à ausência do seu sucessor no Palácio de Belém, Ramalho Eanes acrescentou apenas que liberdade é também cada um tomar as decisões que entende, assumindo depois as responsabilidades.
Também à saída da Assembleia da República, o presidente honorário do PS Almeida Santos disse respeitar a atitude da Associação 25 de Abril e de Mário Soares, mas considerou que o Parlamento não devia ter sido sancionado por uma ação contra a política do Governo.
"Pareceu-me uma ação contra a política do Governo, parece-me que a Assembleia da República não tinha de ser sancionada por isso", declarou.