<p>O secretário geral do PCP, Jerónimo de Sousa, defendeu hoje que a justiça portuguesa deve investigar e apurar as responsabilidades de portugueses no caso das contrapartidas pela compra de submarinos.</p>
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"Pensamos que é uma questão de conteúdo jurídico e que, independentemente das pessoas envolvidas, deve ser a justiça portuguesa e o Estado português a procurarem a verdade", defendeu Jerónimo de Sousa.
O secretário geral do PCP falava aos jornalistas à margem da inauguração da exposição "Cada fio de vontade são dois braços/e cada braço uma alavanca", na Torre do Tombo, em Lisboa, que mostra jornais manuscritos na prisão entre 1934 e 1945.
Jerónimo de Sousa defendeu que a investigação judicial em "relação aos portugueses" deve ser feita "em Portugal com a justiça portuguesa e não em qualquer instituição internacional ou comunitária".
"Pelas notícias que têm vindo a lume, a posição do PCP é sempre sólida, de exigência, para que se averigúe e para que a verdade seja apurada e simultaneamente apuradas as responsabilidades", reforçou.
O líder comunista sustentou que antes de se poder fazer qualquer juízo sobre se o negócio dos submarinos deve ser denunciado ou suspenso é preciso que a investigação judicial termine.
"Não nos devemos apressar. A exigência do apuramento da verdade é crucial para poder apreciar no plano político e económico", disse, lembrando, por outro lado, que o PCP criticou a decisão do Estado português de comprar dois submarinos por "razões de prioridades".
O Departamento Central de Investigação e Acção Penal (DCIAP) esclareceu hoje que existem dois processos a correr em Portugal relacionados com a compra pelo Estado de dois submarinos à empresa alemã Man Ferrostaal.
Numa informação enviada à agência Lusa, o DCIAP refere que, além do processo (chamado caso das contrapartidas) em que foi deduzida acusação contra 10 arguidos (sete portugueses e três alemães), está em investigação um outro processo para "apurar eventuais ilícitos de corrupção também relacionados com submarinos" adquiridos à Man Ferrostaal.
Esta informação foi divulgada um dia depois de a revista Der Spiegel noticiar que um cônsul honorário de Portugal terá recebido um suborno de 1,6 milhões de euros da Man Ferrostaal para ajudar a concretizar a compra dos dois submarinos pelo Estado português, em 2004.