Para Manuel Meirinho, com esta entrevista, Sócrates "reconheceu a importância do presidente da República e que, politicamente, seria um erro entrar em conflito com ele", optando por "reduzir o conflito institucional ao grau zero".
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Aliás, para o professor, a aproximação ao presidente foi de tal forma evidente que o primeiro-ministro não se cansou de frisar e reconhecer o mérito de algumas das teses cavaquistas como a necessidade de uma análise de custo/benefício aos investimentos públicos, assegurando que tal estava a ser feito pelo Governo.
No entender do professor do Instituto de Ciências Sociais e Políticas, apesar de o primeiro-ministro negar o conflito, esta tentiva de apaziguamento confirma as análises dos ultimos dias que afirmavam que Cavaco deu um recado e Sócrates respondeu, optando, agora, por declara tréguas com a presidência.
Em relação ao Freeport, Manuel Meirinho identificou "a consolidação de uma argumentação, com duas linhas de defesa e uma de ataque". "A âncora da defesa é a vertente técnica do projecto que é um enredo que dá muitas voltas e é de difícil compreensão para a a maior parte das pessoas. Depois, declara uma paz judicial que dá a ideia que da Justiça não vai sair nada. Por último, segue a estratégia da vitimização e da cabala com a TVI a cabeça, nomeando-a pela primeira vez. Isto é aquilo que em propaganda política chamamos de Tese do Inimigo Único que sustenta a tese da cabala".
Globalmente, Manuel Meirinho, considera que Sócrates "está acossado e a percorrer um calvário muito espinhoso, como qualquer um naquela situação também o estaria".