O primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho, lamentou, esta sexta-feira, que o líder do PS, António Costa, prefira "adiar as soluções para o país", não sendo direto no que defende até às eleições, durante o debate parlamentar quinzenal.
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O líder da bancada social-democrata, Luís Montenegro, também criticou os socialistas por estarem "em negação" e serem irrealistas, citando diversos dados económicos considerados positivos por ação do Governo PSD/CDS-PP.
"Aqueles que se defendem, dizendo que já não é tempo de estar a falar dos entendimentos de que o país precisa, como é o caso do PS, e que devemos deixar qualquer convergência para depois das eleições, estão a adiar soluções para o país. Mas, sobretudo, dessa forma não estamos a ser diretos naquilo que defendemos", afirmou Passos Coelho, lembrando a "conversa cordial" da véspera com o secretário-geral do PS.
O líder do executivo da maioria lastimou que as eleições dificultem "que se diga o que se vai fazer" e prometeu ficar "a aguardar, com muita expetativa, o tal programa eleitoral" socialista.
"Os países que procuram uma economia mais competitiva são acusados de radicalismo de direita, mesmo quando são socialistas. É aquela velha teoria do socialismo na gaveta. O socialismo fica na gaveta na altura do governo, na oposição é abundante", ironizou ainda, referindo-se a outros estados-membros da União Europeia em situação de reajustamento.
Para Passos Coelho, que citou abundantemente o exemplo grego, "sempre que ocorreram dúvidas sérias sobre as políticas a serem prosseguidas ou a estabilidade política dos governos que as levavam a efeito, as taxas de juro agravaram-se de forma muito sensível".
"Fica mal, sobretudo aos que são economistas, não reconhecerem estas matérias, que criar duvidas sobre sustentabilidade da dívida, manter ambiguidades sobre as políticas, nomeadamente em termos de consolidação orçamental, criar qualquer elemento de instabilidade, tudo isso paga-se muito caro pelo Estado, mas depois por toda a economia", lembrou.
Luís Montenegro dirigira-se antes ao líder da bancada do PS, Ferro Rodrigues, devolvendo-lhe os rótulos" de "negação" e de "irrealismo", que o socialista utilizara no início do debate em relação ao Governo.
"Foi um bom exercício de negação e de irrealismo sobre o que se passou de 2005 até 2011 e de 2011 até hoje. Não vou dizer que o PS é neossocialista ou pós-socialista porque é o PS de sempre - do despesismo, do troikismo. Utilizando a tal linguagem marítima, é o PS que afundou o país, que o deixou a deriva e à beira do naufrágio", condenou.
O deputado do PSD sublinhou que Portugal "tem hoje as taxas de juro mais baixas de sempre relativas à sua dívida" e que os socialistas "deixaram o país no mercado, pedindo ajuda, com taxas de 10% e que hoje estão a 3%".
"O desemprego está a diminuir e o emprego a aumentar. Um contrato sem termo é melhor do que um contrato a termo. Um trabalho com contrato é melhor que um estágio, mas há uma coisa pior do que isto tudo, é estar desempregado. Isso é que é precariedade", defendeu Montenegro face às críticas da oposição sobre os regimes de estágio.
Para o presidente do grupo parlamentar social-democrata, "os dias percorridos não foram fáceis, mas quem está verdadeiramente em negação e não vê o que fez enquanto Governo e o que o país tem feito, agora que está na oposição, é o PS".