<p>Uniformizar formatos informativos, defender o canal de ataques e pôr o "Jornal Nacional de 6ª" "a salvo das críticas da ERC" foram as razões ontem, terça-feira, invocadas pelo administrador da TVI Bernardo Bairrão para suspender programa de Manuela Moura Guedes.</p>
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Em audição na comissão parlamentar de Ética, que analisa o exercício da liberdade de Expressão em Portugal, Bairrão confirmou que a Direcção de Informação - legalmente investida de competência neste domínio - não foi previamente informada da decisão, tomada a 3 de Setembro de 2009, em vésperas da campanha eleitoral para as legislativas.
Na sua óptica, a diligência era dispensável, na medida em que o Conselho de Administração (CA) não tencionava alterar a linha editorial, mas tão só introduzir uma mudança de "forma" e de "estilo", capaz de tornar mais homogéneos os espaços informativos da TVI. Asssim sendo, não estava em causa a linha editorial. "De forma alguma se pretendíamos alterar o conteúdo", afirmou, sublinhando que a suspensão estava nos planos desde Março, tendo mesmo sido debatida com o director-geral, José Eduardo Moniz.
Bairrão, que recusou associar a suspensão do programa à saída de Moniz - "nunca pusemos a hipótese de o afastar para acabar com o 'Jornal'" - admitiu que o CA agiu "na margem da legalidade". Por diversas vezes aludiu às críticas da Entidade Reguladora para a Comunicação Social e do Sindicato dos Jornalistas ao programa - que no entanto foram expressas em Maio, cerca de três meses antes da suspensão. As dirigidas pelo primeiro-ministro, José Sócrates, assegurou que não tiveram influência no desfecho, embora as classifique de "injustas". A decisão foi tomada pela Media Capital, proprietária da TVI, e não por instrução da espanhola Prisa, que detém a maioria do capital, disse Bernardo Bairrão. Já no negócio de compra por parte da PT, tudo foi conduzido a partir de Madrid. O administrador, que afirmou não ter tido intervenção directa no processo, acredita que seria vantajoso para as duas partes, se se tivesse concretizado.
Ontem, antes de Bairrão, foi ouvido João Palmeiro, presidente da Confederação de Meios. Esta tarde, é a vez da jornalista Manuela Mourão Guedes e de Francisco Pinto Balsemão, principal accionista da Impresa, proprietária da SIC, Expresso e Visão.