Mais de metade dos portugueses com idades compreendidas entre os 25 e os 34 anos não completaram o ensino secundário, valor apenas superado pela Turquia e México entre os países da OCDE.
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Segundo o estudo "Equidade e Qualidade em Educação - Apoiar estudantes e escolas desfavorecidas", que se reporta a indicadores de 2009, os jovens portugueses com idades compreendidas entre os 25 e os 34 anos que não completaram o ensino secundário estão bastante acima da média da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento (OCDE), ainda assim na ordem dos 20%.
A disparidade de valores entre os países membros da OCDE é bastante grande, com a Coreia do Sul a registar a percentagem mais elevada de jovens que até aos 34 anos concluíram o ensino secundário (apenas 3% não o fez).
Considerando a mesma faixa etária, a Turquia e México superam Portugal com 62% dos jovens com apenas o ensino básico.
Fora do universo dos países da OCDE, Portugal é ainda ultrapassado pelo Brasil e Federação Russa, países onde, respectivamente, 52% e 91% dos jovens com idades entre os 25 e os 34 anos não concluíram o ensino secundário.
Já quando o intervalo em análise se refere aos jovens entre os 25 aos 64 anos, Portugal assume a liderança pela negativa no universo da OCDE, uma vez que 70% da população não completou o 12.º ano.
Neste caso, a percentagem de Portugal é apenas superada pelo da Federação Russa, com 89% das pessoas entre os 25 e os 64 anos sem habilitações ao nível do secundário, quando a média dos países da OCDE é de cerca de 30%.
Maior empregabilidade
Por outro lado, Portugal apresenta das maiores taxas de empregabilidade na população dos 25 aos 64 anos que não terminou o liceu, com cerca de 70%, à semelhança da Nova Zelândia e do Brasil, quando a média da OCDE neste indicador se situa nos 54%.
Em Portugal, os empregados entre 25 e os 64 anos que completaram o 12.º ano sobe para os 80%, passando para 88% no caso dos que têm formação superior, sendo a média dos países da OCDE de 74% e 85%, respectivamente.
O documento da OCDE, cujos indicadores se referem a 35 países dentro e fora da OCDE, indica também que um em cada cinco estudantes dos países da OCDE não atinge o nível mínimo de capacidades para 'funcionar' nas sociedades actuais, sendo que, nalguns países, a proporção de alunos com 15 anos sem capacidades básicas de literacia ultrapassa os 25%.
"É muito provável que os estudantes que nestas idades apresentam lacunas ao nível das capacidades básicas não concluam o ensino secundário e entrem no mercado de trabalho mal preparados ou, caso prossigam os estudos, tenham mais dificuldades do que os seus pares e precisem de apoios adicionais, incluindo ajuda económica", refere o relatório.
O relatório sublinha ainda a influência do ambiente socioeconómico no sucesso escolar dos estudantes e sugere que os governos eliminem as práticas do sistema que afectam a equidade e erradiquem o mau desempenho das escolas com alunos desfavorecidos.