Passos defende que "seria imprudente agravar ainda mais a carga fiscal do sector privado"
O primeiro-ministro considerou ainda que, neste momento de contracção do crédito, "seria imprudente agravar ainda mais a carga fiscal do sector privado", porque as empresas já vão ter de fazer um "esforço suplementar" de redução de custos.
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Passos Coelho defendeu, desta forma, a opção do Governo por cortar os subsídios de férias e de Natal dos trabalhadores do sector público e dos pensionistas em vez de incluir na proposta de Orçamento do Estado para 2012 uma sobretaxa aplicável a todos os salários.
Numa intervenção no Congresso da Ordem dos Economistas, em Lisboa, Passos Coelho disse que "a racionalização de custos no sector privado significará em muitos casos um aumento do desemprego, a redução de salários, ou de outras compensações como os bónus, benefícios e prémios de desempenho" e também a "redução de lucros".
Segundo o primeiro-ministro, esses "sacrifícios" do sector privado devem servir para melhorar a competitividade das empresas, ou seja, "não devem estar ao serviço do esforço de consolidação orçamental, mas do crescimento económico".
Por isso, "seria tão injusto quanto imprudente fazer a consolidação orçamental que não predominantemente do lado da despesa", reforçou.
"Da parte do Governo é muito claro que todos têm de estar perfeitamente conscientes da gravidade do momento e do esforço suplementar que será exigido às nossas empresas", acentuou o primeiro-ministro.
Após a sua intervenção, em declarações aos jornalistas, Passos Coelho considerou que "o Orçamento do Estado, sendo extremamente difícil para todos os portugueses, traduz um esforço o mais equilibrado possível na distribuição dos sacrifícios".
O primeiro-ministro apontou a necessidade de Portugal ganhar credibilidade para contar com o apoio internacional. "Tem havido sucesso até à data nestes esforços que temos vindo a fazer, julgo que os portugueses merecem isso", acrescentou.
No encerramento do Congresso da Ordem dos Economistas, Passos Coelho terminou o seu discurso afirmando que "é relativamente fácil ver os efeitos imediatos de uma decisão política", mas "mais difícil, mas igualmente importante, é compreender as repercussões menos imediatas e os efeitos indirectos".
"Em nenhuma área são estas considerações tão importantes como no problema do crescimento económico", rematou.