Portista ferrenho inventava mortes para ir aos jogos do clube do coração. Hoje acha que o campeão vence 2-0.
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José Conceição estuda a agenda portista ao pormenor e traça o plano de ataque: em média, este adepto vê cinco a seis jogos, a cada fim de semana. Corre tudo: modalidades, formação e equipa principal de futebol do F. C. Porto, a ordem é arbitrária. Fá-lo em nome do clube, claro, e de uma paixão quase de nascença.
"Vejo a agenda e decido. A minha mulher já está vacinada... Pergunta a que jogos vou, para saber o que conta", relata, ao JN, José Conceição. Adepto ferrenho, a "doença" manifestou-se cedo: "Ia com o meu pai ao futebol. Isto é quase de nascença", recorda este portista, natural de Gondomar, que vive em Pedrouços, na Maia.
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José Conceição está reformado. Era foto-montador, numa oficina de etiquetas metálicas. Agora tem mais tempo para ir aos jogos, mas, quando trabalhava, arranjava forma de ir ver o F. C. Porto, mesmo que tivesse de arranjar desculpas. "Quando era à quarta-feira, à segunda ia um amigo meu para o hospital e morria na terça-feira..", conta, a sorrir. Mesmo que ninguém tivesse "morrido", havia solução: "Entrava mais cedo para compensar".
Em casa possui um pequeno museu, onde tem 80 camisolas, de vários clubes. "Quando faço anos, qualquer coisa do F. C. Porto serve para dar ao Zé".
"Sofro muito a ver os jogos, mas nunca fico doente. Há quem não coma após uma derrota, mas eu como na mesma!", conta José Conceição, que elege o jogo de Sevilha (2003), que deu a Taça UEFA ao F. C. Porto na final com o Celtic como a melhor recordação. "Mesmo que viva mais 100 anos, não verei igual", projeta quem ainda recorda a morte de Pavão (1973), nas Antas. "Vim ao velório, foi um dia muito triste", lembra.
Hoje lá estará no Dragão. "Acho que vai ser difícil. Depois vemos...", diz, palpitando uma vitória por 2-0, com golos de Taremi e Pepê.
Na questão do título, mostra-se confiante, elegendo o homónino Sérgio, como o grande obreiro: "De um paralelo faz um jogador de futebol".