O secretário de Estado adjunto do primeiro-ministro, Carlos Moedas, admitiu, esta sexta-feira, num artigo de opinião no "Wall Street Journal", que o Governo terá espaço para baixar os impostos quando conseguir reduzir a despesa corrente primária.
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Num artigo de opinião publicado no "Wall Street Journal", Carlos Moedas explica que este descida da despesa primária "vai contribuir ainda mais para uma mudança dos sectores não transaccionáveis para os transaccionáveis, e vai, assim, acabar por abrir a possibilidade para descidas nos impostos".
O texto surge dias depois do jornal norte-americano ter publicado uma notícia na qual afirma que Portugal dificilmente conseguirá regressar aos mercados no prazo previsto e que, assim, seria obrigado a pedir um novo reforço do empréstimo internacional de 78 mil milhões de euros contratado com a 'troika' do Banco Central Europeu, Fundo Monetário Internacional e Comissão Europeia.
A possibilidade de os 78 mil milhões não chegarem foi defendida já esta semana também pelo presidente da CIP, mas o primeiro-ministro reafirmou a tese: "Não pediremos nem mais tempo nem mais dinheiro", garantiu Pedro Passos Coelho.
No artigo do jornal, Carlos Moedas passa em revista as principais alterações em curso na economia portuguesa, destacando "o marco histórico" que é a assinatura do acordo de concertação social, que vai permitir "reduzir as indemnizações por despedimento e simplificar o próprio processo", para além de "contribuir para a competitividade [da economia portuguesa] e promover condições para a paz social".
O texto, para além de salientar os bons resultados nas exportações, por exemplo, e de vincar as reformas estruturais, a nova lei da concorrência, o acordo de concertação social e o novo regime das insolvências, termina com um nota de optimismo sobre o regresso ao crescimento económico, lembrando que "os primeiros oito meses [do programa de ajustamento] já mostram que Portugal está a aproveitar esta oportunidade".
"O aspecto mais saliente das actuais dificuldades é a resiliência e a determinação demonstrada diariamente pelo povo português. Somos afortunados por ter um forte consenso político e social à volta dos imperativo da disciplina orçamental e da necessidade de mudança. É por isto que o programa [de ajustamento] está a funcionar. É por isto que Portugal já está a restaurar a sua competitividade apesar dos ventos adversos. É por isto que o crescimento vai regressar", conclui Moedas, no artigo.