Nouriel Roubini, o economista turco que em 2005 previu a actual crise financeira, considera que o acordo alcançado com a troika, esta terça-feira, é o caminho certo para que a economia portuguesa comece a recuperar, embora não esconda que o processo "será doloroso".
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Discursando nas Conferências do Estoril, que hoje começaram, Nouriel Roubini explicou que, ao contrário do que sucedeu com a Grécia e a Irlanda, Portugal tem a possibilidade de implementar um programa de austeridade fiscal e de reformas estruturais de "forma mais gradual e objectiva", considerando, contudo, que seria preferível estender o plano até 2014 para "não comprometer o crescimento económico" do país.
O economista lembrou que há que ter em conta algumas "incertezas" quanto ao futuro político do país. "Vai haver eleições em Junho e não sabemos quem vai governar a partir daí e se terá ou não maioria. Nem sabemos se esse novo governo vai querer levar a cabo o programa na sua totalidade ou apenas parte deste", disse. Voltou a frisar, no entanto, que "este plano A juntamente com trabalho árduo será a melhor solução para evitar a reestruturação da dívida portuguesa".
O antigo consultor do Departamento do Tesouro dos Estados Unidos explicou que os programas gizados pela União Europeia, Banco Central Europeia e FMI, "a curto prazo, têm um especial impacto negativo, pois implicam o despedimento de trabalhadores não produtivos nos sectores privado e público e encerrar empresas não competitivas". São, por isso, "reformas difíceis de anunciar, em termos políticos, porque os governos são eleitos a cada três ou a cada quatro anos".
No caso português, Nouriel Roubini aconselha uma forte aposta no capital humano, "cujo valor é bastante significativa", nas relações comerciais com as antigas colónias e em sectores como o turismo, a actividade portuária, a agricultura e o vinho.