O presidente do Santander Totta revelou, esta quarta-feira, que o banco aceita que clientes em situação de incumprimento do contrato de crédito à habitação entreguem a casa para resolver o problema da dívida, defendendo um modelo semelhante ao de Espanha.
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"Somos favoráveis à hipótese da dação da casa ao banco e, depois, do seu aluguer aos antigos proprietários durante um período definido, que em Espanha é de dois anos", afirmou hoje Vieira Monteiro, presidente do Santander Totta, explicando que, no país vizinho, o valor da renda é correspondente a 3% do valor que não é coberto pelo valor da hipoteca.
Esta matéria está neste momento a ser tratada pelas autoridades (Governo, regulador e instituições financeiras), já que o aumento dos níveis de incumprimento no segmento do crédito hipotecário, em consequência da degradação económica e do aumento do desemprego, gera preocupação no setor.
"O Santander Totta tem vindo há muitos anos a criar produtos para clientes com dificuldades para pagarem as suas responsabilidades de crédito junto do banco", frisou Vieira Monteiro, acrescentando que o objetivo é "adaptar as condições de financiamento à capacidade de pagamento" das famílias.
O alargamento do prazo do contrato de crédito à habitação e a diminuição dos 'spreads' são duas das medidas tomadas pelo Santander Totta, segundo o seu presidente.
"Tem sido um sucesso e vamos continuar", assegurou.
"Sempre que temos entidades e pessoas que demonstrem que não têm capacidade para pagar, aceitamos que a casa pague a totalidade da dívida", assegurou, frisando que "o banco só recorre ao tribunal em último caso", isto é, quando não há possibilidade de chegar a um entendimento com o cliente.
"Estamos abertos para a possibilidade de um imóvel pagar a dívida", reforçou.
"Agora, não podem ser alargadas estas condições a quem pode pagar. Estamos totalmente de acordo com o que foi definido em Espanha", esclareceu, referindo-se ao decreto real que há dois meses estabeleceu novas soluções para o incumprimento dos clientes bancários no segmento habitacional.
Esta questão ganhou novo fôlego depois de, recentemente, o Tribunal de Portalegre ter decidido que uma cidadã poderia saldar a sua dívida contraída para a compra de uma habitação junto de um banco através da devolução do imóvel ao credor, numa decisão inédita em Portugal.
"Temos colaborado com outras instituições de crédito para o fundo de habitação para arrendamento social", revelou ainda o banqueiro, que deixou uma mensagem de confiança no futuro de Portugal.
"Com a recuperação económica do país, a situação das famílias também vai melhorar", assinalou.