Mário Machado, que foi detido na manhã desta terça-feira, em Loures, por causa de um crime de discriminação racial e de incitamento ao ódio, vai passar a noite na cadeia anexa à Polícia Judiciária de Lisboa. Só na quarta-feira será ouvido por um juiz no Tribunal de Instrução Criminal no Campus da Justiça.
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O ex-líder da Nova Ordem Social (NOS) foi detido depois de os inspetores terem encontrado durante as buscas uma arma de fogo, assim como munições e bastões de basebol com a sigla do movimento de extrema-direita. De acordo com o seu advogado, José Manuel Castro, Mário Machado irá ser ouvido por um juiz amanhã.
"O que motivou a detenção é o que consta do artigo 240 do Código Penal, ou seja, crimes de incitamento ao ódio e à discriminação racial por causa de uma frase que escreveu na Internet há uns anos. Não sei se há outra coisa e se há está em segredo de justiça", disse o advogado, quando confrontado pelo JN sobre o facto de Mário Machado ter sido detido, em flagrante delito, pelo crime de posse de arma ilegal.
De acordo com informações recolhidas pelo JN, a Unidade Nacional de Contraterrorismo da Polícia Judiciária apenas pretendia realizar uma busca à casa do ativista de extrema-direita no âmbito de uma investigação relacionada com crimes de propagação e incentivo ao ódio na Internet. Porém, durante a diligência foi encontrado um revólver, o que levou à sua detenção em flagrante delito.
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A investigação foi desencadeada por uma publicação na Internet em 2019. "Era uma publicação em que apelava à detenção de um indivíduo que terá cometido um homicídio numa discoteca no Algarve. Curiosamente, nessa publicação não vinha referida a cor de pele ou etnia de ninguém", disse esta manhã o advogado que representa Mário Machado em diversos processos, entre os quais o "Hells Angels".
"Procura-se assassino! Não o entreguem às autoridades, se souberem do seu paradeiro enviem-nos mensagem privada", lia-se na publicação da conta do Twitter do movimento Nova Ordem Social, dirigido por Mário Machado. A publicação, de agosto de 2019, incluía a imagem do suspeito, acompanhada de uma notícia sobre a morte de um jovem à porta da discoteca Lick, em Albufeira.
Poucos dias depois, o gabinete da Procuradoria-Geral da República confirmava que o Ministério Público tinha aberto um inquérito para investigar a eventual existência de crime de discriminação e incitamento ao ódio e à violência.