José Sócrates lançou, esta noite de sexta-feira, em Lisboa, um apelo final: "Não falhem ao PS." O pedido era dirigido aos socialistas indecisos, a todos os que partilham os valores da Esquerda e aos que mais beneficiam das redes de protecção social.
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"Não falhem ao PS neste momento que é particularmente grave", apelou Sócrates aos socialistas que ainda estão indecisos. "A abstenção não é uma escolha, é uma desistência e nenhum socialista desiste", proclamou. Em resposta, ouviu "O povo vai votar e o PS vai ganhar", cantado em uníssono.
Durante o comício de encerramento da campanha eleitoral, que terminou com o hino de Portugal, no Parque das Nações, debaixo da pala do Pavilhão de Portugal, o líder socialista estendeu o apelo aos que partilham os valores de Esquerda e aos que mais beneficiam das redes de protecção social, em nome da defesa do Serviço Nacional de Saúde, de uma escola e de uma Segurança Social públicas.
No início da sua longa intervenção, e perante centenas de apoiantes, Sócrates disse que o PS "tem o dever de ser grande quando os outros se mostram mesquinhos e sectários", afirmando que o partido continua disponível para diálogo e compromissos. Lamentou, aliás, ter sido "o único líder partidário a apelar ao diálogo e ao entendimento". "Todos os outros incentivaram ao radicalismo e ao sectarismo", denunciou.
"Eles estão mais interessados não em ganhar as eleições, mas em vingarem-se por termos ganho as eleições anteriores", voltou a acusar, deixando um conselho: "O ressentimento torna as pessoas infelizes, o insulto degrada a democracia."
Sócrates referiu-se, ainda, aos "insultos" que lhe foram feitos por alguns dirigentes do PSD. "Que pobreza, que mesquinhez porem as grandes figuras do partido a atacarem-me. Chamarem-me Saddam Hussein foi o mais brando, parece que terminaram com Hitler", declarou, afirmando tratar-se de uma questão do "foro psico-analítico".
Antes, Ferro Rodrigues fez um discurso duro, tanto para a Direita como para a Esquerda, terminando com um amplo apelo ao voto no PS.
"O PSD sofre hoje de 'direitização' em estado muito avançado", disse, salientando que já há uma competição à Direita e o PSD "vai claramente à frente neste triste campeonato". Sobre o líder social-democrata, tirou uma conclusão: "Quem não aguenta a pressão de um mês de campanha, não aguenta a pressão de quatro anos de Governo."
O cabeça-de-lista por Lisboa recordou que há muito "a Direita tem o sonho de um presidente, um Governo e uma maioria". Um sonho que seria cumprido "se o PSD não fosse derrotado nestas eleições". "Será este o momento para dar todo o poder à Direita?", questionou Ferro Rodrigues.
Mas também a extrema-Esquerda esteve na mira de Ferro, porque se aliou à Direita para provocar a queda do Governo e criar uma crise política. "O Bloco de Esquerda e o PCP nem se dignaram dizer à 'troika' as medidas que defendem. Deixaram as cadeiras vazias, não se compreende", afirmou, frisando que os dois partidos pertencem a uma "Esquerda de vistas curtas".
"Cortar o PS às fatias"
António Costa disse que houve quem tentasse "cortar o PS às fatias, dizendo que uns eram bons e outros maus", referindo-se à recusa do PSD em negociar com os socialistas, enquanto forem liderados por José Sócrates. "Estão enganados, não conhecem o PS. Temos um lema: 'um por todos e todos por um'", afirmou, recebendo palmas.
O presidente da Câmara de Lisboa admitiu que Portugal tem de fazer "um grande esforço" para equilibrar as contas públicas e sublinhou que essa tem sido "a sina" do PS. "Nunca em Portugal a Direita venceu uma crise financeira. Foi só o PS e sempre o PS", acrescentou.
"Sabemos que é necessário tomar medidas impopulares, duras, que fazem sofrer. E é nestes momentos, mais do que nunca, que é preciso defender e alargar a protecção social", vincou António Costa, acentuando que aquilo que distingue o PS da Direita é o facto de os socialistas não equilibrarem as contas públicas "à custa dos portugueses, dos que mais sofrem".
Marcos Perestrelo, presidente da Federação da Área Urbana de Lisboa do PS, contrariou a comparação feita por Passos a Cavaco Silva, dizendo que o líder do PSD é "muito mais parecido" com Durão Barroso e Santana Lopes, dois primeiros-ministros que "mandaram Portugal para a recessão".
"A Passos Coelho falta tudo para ser primeiro-ministro, mas, e é talvez o mais grave, é a falta de vontade de fazer compromissos", afirmou o dirigente.
A festa socialista terminou com um jantar entre José Sócrates e os cabeças-de-lista do partido às eleições de domingo.