O Governo português exortou os autores do "golpe militar" na Guiné-Bissau a libertarem os políticos detidos, nomeadamente o primeiro-ministro Carlos Gomes Júnior. O presidente da República condenou "veementemente" a ação militar e apelou a uma posição "firme e determinada" da comunidade internacional.
Corpo do artigo
O Governo português "rejeita todo e qualquer ato de violência e insta os autores do golpe militar a respeitar a integridade física das autoridades democráticas guineenses e a proceder à libertação dos que estão detidos", refere um comunicado do Ministério dos Negócios Estrangeiros (MNE), sublinhado que "qualquer sinal contrário a estes princípios, que integram também o direito humanitário internacional, será totalmente inaceitável para a comunidade internacional".
Portugal, que condena "veementemente" o "golpe militar", exorta ainda os responsáveis "ao imediato respeito pelo Estado de Direito, pela ordem constitucional e pelo processo eleitoral, preservando as instituições democráticas do país".
De acordo com o mesmo comunicado, Portugal, vai defender uma posição firme da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) e vai promover a "atenção" do Conselho de Segurança da ONU sobre os acontecimentos que se registam no país.
Portugal "mantém, através da Embaixada de Portugal em Bissau, permanente contacto com a comunidade portuguesa residente na Guiné-Bissau. Na atual conjuntura, o Governo português desaconselha quaisquer deslocações àquele país", conclui o MNE.
Cavaco apela a posição "firme e determinada"
Também o Presidente da República, Cavaco Silva, condenou "veementemente o golpe de Estado na Guiné-Bissau" e apelou a uma posição "firme e determinada" da comunidade internacional.
À margem de uma visita ao Palácio Nacional de Mafra, onde acompanhou o seu homólogo austríaco, no final de uma visita oficial a Portugal, Cavaco Silva sublinhou ainda que cabe à comunidade internacional, ao Conselho de Segurança das Nações Unidas, à União Africana, Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO) e CPLP tomarem as "medidas necessárias para o restabelecimento da ordem constitucional e para a criação das condições necessárias para que a segunda volta das eleições presidenciais tenha lugar, como está marcado, no próximo dia 29".
Para o chefe de Estado, "há muito tempo que é evidente que se a comunidade internacional não tomar uma posição firme e determinada, as forças militares guineenses serão fonte de violência, instabilidade, sofrimento e empobrecimento do povo guineense impedindo a normalização das instituições democráticas".
"Portugal está a tomar o papel que lhe compete mas é preciso que a comunidade internacional não deixe de olhar para a situação dramática do povo guineense", defendeu.