O Governo tomou posse há pouco mais de um ano, mas as polémicas têm-se sucedido, ao ponto de Marcelo já ter falado em dissolver o Parlamento. Após um período particularmente intenso nos últimos meses de 2022, parecia que a poeira tinha, por fim, assentado. Contudo, a comissão da TAP tornou-se uma nova dor de cabeça para o PS.
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Agosto de 2022: Medina contrata Sérgio Figueiredo e fica debaixo de fogo
O Ministério das Finanças anunciou a contratação, por ajuste direto, do ex-jornalista Sérgio Figueiredo como consultor. O contrato de dois anos, e com salário equiparado ao dos ministros, levou a Oposição a falar de pagamento de favores: Figueiredo, antigo diretor de informação da TVI, contratou Medina para comentador e este, enquanto autarca de Lisboa, pagou-lhe 30 mil euros por serviços numa campanha de Natal.
Setembro de 2022: Polémica com marido de Ana Abrunhosa
Soube-se que António Trigueiros de Aragão, o marido da ministra da Coesão Territorial, se terá associado a um empresário chinês condenado por corrupção ativa envolvendo vistos gold. Uma empresa criada pelo marido de Ana Abrunhosa terá sido beneficiada em 2021 com 133 mil euros de apoio do Estado.
Outubro de 2022: Manuel Pizarro gerente de empresa na Saúde
Três semanas após ter tomado posse como ministro da Saúde, na sequência da saída de Marta Temido, soube-se que Manuel Pizarro era único gerente de uma empresa de consultoria técnica e aconselhamento precisamente sobre serviços de saúde. Manuel Pizarro renunciou, dias depois, ao cargo de gerente que o deixava em situação de incompatibilidade.
Outubro de 2022: Contrato do Estado com o pai do ministro Pedro Nuno Santos
Pedro Nuno Santos, então ministro das Infraestruturas, esteve debaixo de fogo devido a um contrato público por ajuste direto, realizado no verão do ano passado, com a Tecmacal, empresa detida pelo pai onde tem uma participação de 1%. Foi acusado de violar o novo regime sobre as incompatibilidades, mas a Presidência do Conselho de Ministros esclareceu que a lei apenas se aplica a concursos feitos no âmbito do Ministério tutelado pelo membro do Governo. Pedro Nuno acabou por se demitir na sequência da polémica com a TAP.
Novembro de 2022: Pavilhão e processo na Justiça tramam Miguel Alves
Miguel Alves, ex-presidente da Câmara de Caminha, era secretário de Estado Adjunto do primeiro-ministro havia poucas semanas quando foi noticiado que, enquanto era autarca, Caminha pagou 300 mil euros por um pavilhão que não existe. Demitiu-se quando se soube que seria acusado de prevaricação num outro caso.
Novembro de 2022: "Jota" de 21 anos para adjunto de Mariana Vieira da Silva
A ministra da Presidência foi criticada por ter contratado Tiago Cunha, recém-licenciado em Direito de 21 anos e filiado na JS, para seu adjunto (com 3732,72 euros brutos) até ao terceiro trimestre de 2026. Mariana Vieira da Silva defendeu que "a filiação no PS nunca foi critério de recrutamento".
Dezembro de 2022: Indemnização a Alexandra Reis gera indignação
Ainda antes do fim do ano, soube-se que Alexandra Reis, secretária de Estado do Tesouro, tinha recebido uma indemnização de 500 mil euros da TAP. O caso abriu uma nova ronda de demissões no Executivo, incluindo a do ministro das Infraestruturas, Pedro Nuno Santos. A indignação que gerou abriu caminho à constituição de uma comissão de inquérito à TAP.
Janeiro de 2023: Contratação poolémica de Rita Marques
Rita Marques aceitou ser administradora do "The Fladgate Partnership", que tem o WOW, a quem atribuiu o estatuto definitivo de utilidade turística como secretária de Estado. Acusada de ilegalidade, por não cumprir os três anos de "nojo", rejeitou, depois, o convite.
Janeiro de 2023: Secretária de Estado da Agricultura só esteve um dia no cargo
Um dia após tomar posse, Carla Alves, com contas arrestadas na investigação que visa o marido, demitiu-se de secretária de Estado da Agricultura. Carla Alves pediu a demissão após o presidente da República ter considerado o caso de arresto das contas bancárias da governante um "peso político negativo".
Janeiro de 2023: Secretário de Estado das Comunidades investigado
O secretário de Estado das Comunidades e ex-autarca do Funchal é visado na investigação sobre alegados crimes de corrupção, tráfico de influências e abuso de poder em contratos públicos de autarquias madeirenses com privados.
Abril de 2023: Reunião com CEO da TAP chamusca PS e Governo
Na comissão de inquérito da TAP, a ex-CEO da companhia revelou que, em janeiro, tinha reunido com deputados do PS, incluindo Carlos Pereira (que, entretanto, saiu da comissão de inquérito), na véspera de ser ouvida, no Parlamento, sobre a indemnização a Alexandra Reis. Na semana passada, ficou a saber-se que tinham sido preparadas perguntas e respostas para a audição.
Abril de 2023: O parecer que existia e, depois, deixou de existir
Os deputados do PSD pediram que o Governo enviasse o parecer jurídico que sustentou a demissão da CEO. O Ministério dos Assuntos Parlamentares recusou fazê-lo, argumentando com a "salvaguarda do interesse público". O mesmo argumento foi apresentado pela ministra da Presidência. Depois, Fernando Medina afirmou que, afinal, o parecer não existia e Mariana Vieira da Silva referiu que, entre parecer ou documentação, era só uma questão de "semântica".
Abril de 2023: Galamba e adjunto em guerra devido a mentiras sobre TAP
As notas entregues pelo Governo à comissão de inquérito mostram que, em janeiro, houve combinação de perguntas e de respostas na reunião do PS com a ex-CEO da TAP. Frederico Pinheiro, então adjunto do ministro das Infraestruturas, tirou as notas no encontro e acusou João Galamba de ter tentado escondê-las do Parlamento; este negou e acusou Pinheiro de ter mentido durante dois meses, dizendo que não tinha tirado notas. Segundo o ministério, Pinheiro terá agredido duas funcionárias quando tentava roubar um portátil.