O Presidente da República defendeu, esta segunda-feira, na ONU que era preciso reconhecer o Estado da Palestina agora, porque "amanhã teria sido tarde demais", e enquadrou essa decisão como "a continuação de uma política de longa data" de Portugal.
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Marcelo Rebelo de Sousa discursava na Conferência Internacional de Alto Nível para a Solução Pacífica da Questão da Palestina e a Implementação da Solução dos Dois Estados, co-organizada pela França e pela Arábia Saudita, na sede da Organização das Nações Unidas (ONU), em Nova Iorque.
O chefe de Estado recebeu aplausos quando referiu, no início da sua intervenção, que "Portugal reconheceu formalmente o Estado da Palestina como um Estado soberano com plenos direitos" - decisão comunicada formalmente no domingo, através de uma declaração do ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros, Paulo Rangel, na Missão Permanente de Portugal na ONU.
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No seu discurso, feito em inglês, Marcelo Rebelo de Sousa afirmou que "o reconhecimento do Estado da Palestina por Portugal não é um gesto isolado, mas antes a continuação de uma política de longa data e um contributo decisivo para a salvaguarda da solução de dois Estados".
O presidente da República apelou a um cessar-fogo imediato, referindo que, na perspetiva de Portugal,"ambos os países [Israel e Palestina] continuam a enfrentar ameaças à segurança, que devem ser abordadas através do diálogo, da cooperação e da procura de uma paz justa e duradoura".
"Portugal está pronto a trabalhar ativamente neste esforço coletivo. A nossa mensagem é clara: o reconhecimento do Estado da Palestina é o reconhecimento da própria paz, agora, hoje. Amanhã teria sido tarde demais", acrescentou.
Marcelo encontrou Guterres "em grande forma"
Falando aos jornalistas na sede da ONU, o chefe de Estado disse ter encontrado o secretário-geral da ONU, António Guterres, "em grande forma" e "muito motivado", apesar do que se passa no mundo, e reiterou-lhe o apoio de Portugal.
"Achei o secretário-geral em grande forma. Há muito tempo que não o encontrava numa tão boa forma, muito motivado e, apesar da situação que vivemos no mundo, a sentir que, olhando para o médio prazo, não há alternativa às Nações Unidas", descreveu.
"Não há alternativa àquilo que ele defende e, portanto, aquilo que às vezes é uma dificuldade ou se sente como dificuldade no momento imediato, vai ser ultrapassado pela própria realidade", acrescentou o Presidente da República, referindo que este encontro "serviu para Portugal reafirmar o seu apoio" ao secretário-geral da ONU.
O chefe de Estado destacou como "um bom sinal" que o Presidente norte-americano, Donald Trump, vá "ter um encontro com o secretário-geral [da ONU] amanhã [terça-feira], e também haver vários países que também irão ter um encontro do Presidente Trump num domínio sobre o qual Portugal se pronunciou, que é o domínio do Médio Oriente, para encontrar uma solução para o dia seguinte".
Sobre as reuniões bilaterais que tem tido à margem da Assembleia Geral da ONU, Marcelo Rebelo de Sousa informou que no domingo o Rei da Jordânia aceitou o seu convite para ir a Portugal até ao fim deste ano, e que recebeu hoje do Presidente do Tajiquistão a confirmação do apoio à candidatura portuguesa a um lugar não-permanente no Conselho de Segurança em 2027-2028, a eleger em 2026.
O presidente da República elogiou não só António Guterres mas também o anterior primeiro-ministro português António Costa, atual presidente do Conselho Europeu, que se encontra em Nova Iorque para participar, em representação da União Europeia, na Assembleia Geral da ONU, considerando que ambos "marcam pontos" no mundo "também sobre a maneira de ser de Portugal".