Portugal ganhou. É a única coisa que hoje é preciso saber.
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Começa tudo com um grande plano da cara de Ronaldo e Ronaldo está a chorar. É a hora do hino. Ele tem 37 anos, faz 38 daqui a dois meses. É seguramente o seu último mundial. Quantos em 10 milhões choraram ali também?
Primeiro: Portugal ganhou. Ficou 3-2 contra o Gana. Segundo: Ronaldo marcou e está a um golo do recorde de Eusébio em golos marcados em mundiais, que são nove. Ronaldo vai tornar a chorar, queremos nós. E nós queremos chorar outra vez com ele também.
O golo de Ronaldo foi aos 65 minutos. Foi de penalty. Foi um alívio. Foi um estrépito todo de Portugal no ar.
Mas, aos 73 minutos, vimos, demasiado perto e em câmara lenta, a transpiração de Danilo a escorrer: o central não corta um ataque do Gana e acaba a endossar a bola, na pequena área, para os pés de André Ayew, que marca o 1-1. E faz cair o cliché sobre as nossas cabeças: foi um balde água fria.
Mas, outra vez, aos 78 minutos, outro cliché dispara no ar: o futebol é uma montanha russa. João Félix, o jogador de 23 anos do Atlético de Madrid, que vale 126 milhões e tem aquele jeito bamboleante de cabeça que parece que está solta no ar, faz o 2-1. E há nova explosão no nosso cosmos particular.
Dois minutos depois, Rafael Leão faz tudo bem para nos sossegar e marca o 3-1 numa nova arrebentação - é uma delícia rever a cara dele: Leão já estava a sorrir antes ainda de a bola entrar.
Mas o futebol, lá está, cliché, é uma caixinha de surpresas e o Gana faz o 3-2 aos 89 minutos. Sufoco, sufoco, o árbitro dá nove-minutos-nove de descontos e ainda deixa o jogo seguir até aos 101 minutos. 60 segundos antes de acabar, dá-se um momento para os apanhados. Diogo Costa, o guarda-redes do Porto e de Portugal, distrai-se e faz uma reposição de bola a rolar na sua área, não vendo que tem atrás de si Iñaki Williams, que lhe rouba a bola e quase marca escandalosamente o empate, não fosse, ó graças, Iñaki Williams escorregar. Ronaldo, e nós com ele, desesperou, mas Portugal ganhou, soube ganhar.
Quem quiser rever o eletrocardiograma todo do jogo, vá aqui, quem quiser ler a resenha, entre aqui. Para saber os recordes de Ronaldo, e ver o seu primeiro golo neste mundial, aí estão eles. Para saber o que achou disto tudo o selecionador Fernando Santos, e, já agora, o que quer dizer "segurança passiva", é só clicar.
Durante o jogo que atirou Portugal para o 1.º lugar do seu grupo de apuramento, o resto do mundo continuou a pular e avançar.
Um horror redondo: um médico do Hospital de Santarém, de 27 anos, voluntário, abusou de cinco crianças num ATL da Ilha Terceira, nos Açores, em 2018. Foi hoje condenado. E já está a cumprir pena. A pena é de cinco anos.
Outro pavor: no centro comunitário Casa dos Solteiros, no Lousal, em Grândola, um homem de 43 anos foi morto à facada. O agressor tem 45 anos e já está detido. Saiba o que sucedeu.
O mundo parece que ensombreceu: morreu o pai do Cinema Novo português, António da Cunha Telles, produtor, realizador e distribuidor, tinha 87 anos. O nosso crítico, João Antunes, relata-o a partir da primeira pessoa.
O dia foi funesto na Cultura: morreu também José Ruy, o último autor da Idade de Ouro da BD. Tinha 92 anos e deixa-nos quase 80 publicações.
Resto da atualidade:
Boa notícia do dia: os casos covid continuam a descer.
Má notícia do dia para quem pensa na descida dos preços na energia e na gasolina: a Rússia não planeia fornecer petróleo e gás a países que apoiam um teto de preço para o petróleo russo.
Nos EUA, o ex-presidente Donald Trump aprendeu hoje o nome de uma nova lei, a Lei de Sobreviventes Adultos de Nova Iorque, que acabou de entrar em vigor. É com base nesse regime jurídico que Trump, putativo candidato republicano às eleições presidenciais de 2024, é acusado do crime de lesões relacionadas com "violação e toque forçado", num acaso há 30 anos. A queixa civil é apresentada pela jornalista e escritora E. Jean Carroll. A notícia estragou o Dia de Ação de Graças de Trump.
E quem estiver esta sexta-feira em Braga, ou domingo em Lisboa, pode e deve desanuviar as ancas: Rosalía, a tempestade de pop-flamenco, atua no Fórum Braga e depois na Altice Arena da capital. Quem tenha vivido noutro planeta na última década e não a conhecer, explicamos-lhe aqui quem é Rosalía. Depois, vá à sua plataforma de áudio favorita e choque de frente com ela: deve procurar "Hentai" no último disco da espanhola, "Motomami". É uma música sobre a paixão e a consumação. É uma coisa não aconselhável a espíritos impressionáveis, é carnívora, é pimenta doce em chamas, é uma canção de absolutas delícias.
Boas leituras. E continue a informar-se bem.