A eurodeputada Ana Gomes considerou, este sábado, "inaceitável que se contemple quaquer esquema de concessão ou de privatização em que tudo aquilo que foi construído pelo Estado seja passado a patacos tendo os portugueses de pagar uma taxa".
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Na sua opinião, o tema RTP foi lançado para a praça pública para servir de "cortina de fumo para desviar as atenções dos portugueses do desvio colossal do Governo em relação às metas orçamentais, não obstante os pesados sacrifícios pedidos aos portugueses".
Para Ana Gomes, que não deixou de criticar "a total inadequação de ser um consultor do Governo a anunciar a medida", "é fundamental, é da Constituição e é europeu zelar pela existência de um serviço público de rádio e televisão".
Entende, no entanto, que o Governo já recuou, referindo-se às recentes declarações do primeiro-ministro de que nada está ainda decidido.
A eurodeputada, que foi uma das oradoras convidadas para a Universidade de Verão do PS, sustentou, contudo, que é importante discutir o que é o serviço público. "Há bom e mau serviço público. Sobretudo há um terrível não aproveitamento das potencialidades da RTP para a projeção dos nossos interesses estratégicos noutras partes do mundo, por exemplo na divulgação da língua portuguesa", disse.
Sobre o mal-estar que o caso RTP está a causar na Maioria, Ana Gomes confessou nunca ter tido dúvidas de que "chegaria o momento de que o Paulo Portas arranjaria um pretexto qualquer para começar a fazer exigências dentro da coligação e a fazer exigências para quando as coisas começassem a aquecer". Mais: "Não me esqueço da história do lacrau e do sapo", rematou.
