Duarte Pacheco recusa acusações de que foi parcial no relatório do BPN

"Não vou entrar em debate. Limitei-me a reproduzir os depoimentos e os factos concretos da documentação que nos foi entregue e foi com base nisso que preparei este relatório", afirmou Duarte Pacheco em conferência de imprensa, na Assembleia da República, em Lisboa.

O deputado do PS, Basílio Horta, considerou que a proposta de relatório da comissão de inquérito ao BPN é "claramente partidário" e que "é evidente que o seu objetivo é culpar o governo anterior e as instituições anteriores e elogiar este governo".

Também o deputado do Bloco de Esquerda, João Semedo, afirmou que o documento é "tendencioso e muito parcial" ao ser "muito severo para com o Governo anterior e muito condescendente para o atual". Além disso, não esclarece "como é que o Governo vendeu por 40 milhões de euros um banco quando tinha acabado de gastar mil milhões de euros para o conseguir vender".

Pelo seu lado, o deputado do PCP Honório Novo considerou que a reprivatização do BPN foi contra o interesse público e que o "buraco" financeiro do banco dá para pagar quatro subsídios de férias e de Natal a funcionários públicos e reformados. Sobre o relatório, Honório Novo apontou uma atitude de "ligeireza e de tentativa de cobertura" na forma como o relator "abordou o problema da reprivatização", ou seja, a venda do BPN ao BIC por 40 milhões de euros.

Questionado precisamente sobre a venda do BPN ao luso-angolano BIC, Duarte Pacheco afirmou que o negócio feito pelo executivo de Passos Coelho foi "o possível", apesar de ter sido abaixo dos cerca de 180 milhões de euros a que o BPN tinha sido avaliado um ano e meio antes. Valor a que, recordou, não houve qualquer proposta de compra.

A alternativa, disse, seria a liquidação com "custos superiores" do que a venda pelos 40 milhões de euros.