O dirigente do PCP Vasco Cardoso defendeu, esta quarta-feira, que o Governo deveria apresentar na próxima cimeira europeia uma proposta de renegociação dos prazos, juros e montantes da dívida portuguesa.
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Vasco Cardoso assumiu esta posição no Palácio das Necessidades, em Lisboa, no final de um encontro de cerca de meia hora com o ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros, Paulo Portas, sobre a cimeira europeia desta semana, em Bruxelas.
"A atitude patriótica que o Governo português deveria ter amanhã e depois [quinta e sexta-feira], na reunião que se vai fazer do Conselho Europeu, seria a da apresentação de uma proposta de renegociação da dívida pública portuguesa", declarou Vasco Cardoso, referindo que "o PCP já entregou formalmente na Assembleia da República" uma proposta nesse sentido.
Segundo Vasco Cardoso, "o serviço da dívida que está previsto no memorando de entendimento é impagável" e deve ser renegociado "em três dimensões, a dimensão dos prazos, a dimensão dos juros e a dimensão dos montantes", de forma a ser "compatível com o crescimento económico".
Questionado pelos jornalistas se antevê que a contestação social em Portugal atinja uma dimensão comparável à da Grécia, Vasco Cardoso respondeu que "o futuro dirá" e que "os trabalhadores portugueses e o povo é que o determinarão", em função da "ofensiva que vier a ser colocada" pela política do Governo.
O dirigente do PCP considerou que "vai ser a própria política do Governo que criará as condições para que se intensifique o protesto e a luta".
Apesar de o novo Governo PSD/CDS-PP só ter tomado posse na terça-feira, o PCP comparou-o já ao anterior executivo do PS.
"Encontramos uma ideia de continuidade relativamente ao Governo anterior. Isto é, uma atitude de abdicação dos interesses nacionais face às imposições da União Europeia" e de "completo alinhamento com as grandes potências da UE", seguindo "o mesmo trajeto" que conduziu o país "a esta situação de desastre", disse.
Além de Vasco Cardoso, o PCP esteve representado nesta reunião com o ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros por Honório Novo e Pedro Guerreiro.