O PS saudou esta quarta-feira o presidente da República por fazer um discurso pela positiva, mas lamentou que o mesmo não tenha feito em outras circunstâncias e que as políticas do Governo não tenham sido analisadas.
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A posição dos socialistas foi transmitida aos jornalistas pelo líder parlamentar, Carlos Zorrinho, no final da sessão solene comemorativa do 25 de Abril na Assembleia da República.
"O presidente da República fez um bom discurso, optou por fazer um discurso positivo, realçando o que Portugal tem conseguido nos últimos anos. É uma opção que o PS saúda, mas é pena que o presidente da República não tenha usado essa mesma opção em outras circunstâncias. Tenho também pena que esse discurso não tenha dado tempo ao presidente da República para fazer igualmente a análise sobre aquilo de muito negativo que este Governo tem vindo a fazer, sobretudo em termos de crescimento e emprego", afirmou Carlos Zorrinho.
No ano passado, o discurso do chefe de Estado nas comemorações do 25 de Abril foi marcado por duras críticas ao Governo então liderado por José Sócrates.
De acordo com o líder da bancada socialista, ao optar por fazer um discurso pela positiva, "o presidente da República deixou por fazer uma análise à situação atual do país, que é complexa".
"O PS entende bem a mensagem do presidente da República de que este não é o tempo para as querelas partidárias, mas também deixa bem claro que este é um tempo para as opções políticas. De facto, há opções políticas muito diferentes entre a maioria que nos governa e o PS", sustentou Carlos Zorrinho.
Interrogado sobre o alcance da advertência do PS de que poderá fazer uma rutura democrática face à maioria PSD/CDS, Carlos Zorrinho começou por referir que o seu partido "é responsável".
"Estamos responsavelmente a colocar os interesses do país acima dos interesses partidários, mas não abdicamos da defesa da escola pública, do Serviço Nacional de Saúde e da justiça social, que foram conquistadas nas últimas décadas. Vamos defender esses progressos mesmo que isso implique não acompanhar o Governo, sobretudo se continuar a insistir na destruição desses sistemas", afirmou.
Em novo aviso ao Governo, Carlos Zorrinho referiu que "o consenso tem limites".
"Os limites para o consenso é aquilo que Abril significa. O PS tem estado sempre muito disponível para trabalhar em conjunto, tal como o Presidente da República referiu, mas temos de distinguir as questiúnculas partidárias - aspeto em que o Governo tem sido pouco cuidadoso e em que o PS está firmemente empenhado em não perder tempo - e as diferenças políticas, que são muito marcadas, porque este é o Governo mais ideológico desde o 25 de Abril", sustentou Carlos Zorrinho.