O dirigente socialista Pedro Silva Pereira afirmou, este sábado, que o PS não é indiferente ao apelo do manifesto de personalidades portugueses para um entendimento político, mas lamentou que esse apelo apenas tenha surgido depois da crise política.
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Pedro Silva Pereira falava no segundo dia do XVII Congresso do PS, numa referência ao manifesto subscrito por 47 personalidades nacionais para um compromisso entre os principais partidos, tendo em vista um acordo sobre o programa de ajuda externa e um Governo estável pós-eleições.
Segundo o ministro da Presidência, este "apelo faz sentido e não é indiferente ao PS", porque "o país precisa de diálogo, de entendimento entre os partidos e porque este não é tempo para irresponsabilidades".
"Mas há uma diferença que faz toda a diferença, porque o PS não se lembrou dos entendimentos agora que a ajuda externa já é inevitável. Nós lutámos por um entendimento antes, quando se tratava de um entendimento em Portugal para evitar esta ajuda externa", contrapôs, recebendo palmas.
Neste ponto, Pedro Silva Pereira lamentou depois que, antes da rejeição do Programa de Estabilidade e Crescimento (PEC), "quando era possível evitar esta absurda crise política, quando o presidente do PSD [Pedro Passos Coelho] se declarou irredutível e recusou qualquer diálogo e negociação, nessa altura não houve manifestos, não houve grandes apelos ao compromisso e ao entendimento".
"Nessa altura só o Governo do PS é que insistiu praticamente sozinho no apelo ao bom senso e à negociação. Essa é que é a verdade", sustentou o membro do Secretariado Nacional do PS.
Neste contexto, o ministro da Presidência advertiu que os socialistas nunca aceitarão que haja a mínima confusão sobre as responsabilidades políticas pela crise política.
"Esta crise política teve custos elevadíssimos, mas há quem entenda que não interessa agora discutir responsabilidades e o que interessa é o futuro. Mas a responsabilidade pela crise política tem que merecer o julgamento dos portugueses nas próximas eleições", disse, antes de vincar que PS e PSD não são iguais. "Não façam confusões: Não é tudo igual. O PS quis negociar e o PSD recusou e declarou-se irredutível", apontou.
Na intervenção, Pedro Silva Pereira fez depois um dualismo entre PS e PSD em termos de programa político, mas também um dualismo entre o perfil do primeiro-ministro, José Sócrates, o e líder social-democrata, Pedro Passos Coelho. Para Silva Pereira, os portugueses terão de escolher entre uma "liderança preparada" de José Sócrates, ou um líder do PSD "inexperiente", caracterizado pelo "calculismo partidário, por avançar e recuar com ideias vagas, irreflectidas, perigosas e aventureiras".