<p>Quarto dia de confrontos com três detidos, apreensão de droga e armas. Conflito sem fim à vista.</p>
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No quarto dia de confrontos no Bairro da Bela Vista (Setúbal) a Polícia deteve três jovens e identificou mais nove alegadamente envolvidos nos distúrbios. Mais três viaturas e vários contentores foram incendiadas durante a madrugada.
As detenções levam o director nacional da PSP, em declarações ao JN, a acreditar que a situação se pacificará a curto prazo. As suas palavras estão, também, em sintonia com a intervenção policial, embora ainda não haja previsão para o fim dos confrontos. Para reforçar o dispositivo policial local, ontem, forças do Corpo de Intervenção dirigiram-se para o Bairro da Belavista, em Setúbal, idos de Lisboa.
As precauções das autoridades aumentaram depois de, na madrugada de ontem, ter sido apreendida uma arma de fogo e um cocktail molotov. Estavam nas mãos de jovens suspeitos de terem ateado o fogo a carros e apedrejado a Polícia, o que faz temer as autoridades que os jovens queiram fazer algo mais do que uma simples provocação, tendo em conta as informações que os gangues quereriam abater um agente da PSP, tal como o JN ontem divulgou.
No total, nove jovens foram detidos para identificação, um deles pela posse de arma proibida, uma pistola transformada de calibre 6,35 milímetros.
O cocktail molotov estava junto a um muro onde normalmente são lançadas pedras.
Durante a madrugada, os bombeiros chegaram a ser apedrejados quando tentaram combater o fogo em duas viaturas e em dois contentores. O recrudescimento da situação levou a que, pela primeira vez desde o início dos confrontos, na quinta-feira, ontem, forças do Corpo de Intervenção interviessem, em plena luz do dia, num dos pontos mais problemáticos da Belavista, o Bairro Azul. Esta intervenção dá conta de que mais homens daquela força de elite da Unidade Especial de Polícia está a ser empenhada em resolver o problema rapidamente. A dúvida é se a PSP conseguirá controlar a situação apenas pela força.
Apesar da intervenção do CI, o ambiente vivido no Bairro Azul era de desafio. Grupos de jovens, não obstante a presença policial, acabaram por apedrejar os repórteres da comunicação social, gritando: "Vocês não são daqui, vão-se embora". Um menor acabou por ser levado para identificação e depois foi libertado.
A intervenção ocorreu pouco antes da reunião no Governo Civil de Setúbal, que juntou o ministro da Administração Interna, o director nacional da PSP, a governadora civil e a presidente da Câmara.
Antes dessa reunião, ao JN, o director nacional da PSP garantia que "não vão ser empenhados mais meios", uma vez que os que estão a ser utilizados "são os suficientes".
Oliveira Pereira acredita ainda que "a situação de violência se vai esvaziar a curto prazo", se bem que tenha adiantado "não haver um prazo limite para o fim das operações. Agiremos", conclui, "de acordo com as circunstâncias".