As comunidades maias do México, Belize, Guatemala, Honduras e El Salvador preparam-se para celebrar, a 21 de dezembro, o início de um novo ciclo do calendário da civilização pré-colombiana.
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Nesse mesmo dia, termina o ciclo maia "13 Baak t'un", que começou há 5125 anos, e começa outro.
De acordo com os especialistas, os maias não faziam uma contagem linear do tempo, mas circular, o que significa que um novo ciclo começa no ponto em que termina o anterior.
A festa das comunidades maias começou a 12 de dezembro e prolonga-se até ao dia em o calendário termina.
À" medida que turistas de todo o mundo "invadem" a chamada "Riviera Maia" no México e estâncias balneares na Guatemala, os peritos estão atarefados na "desmontagem" do mito do fim do mundo.
A profecia apocalíptica que inspirou escritores e cineastas nunca aparece referida na 'pedra-calendário', alta e em forma de tê, esculpida pelos maias cerca do ano 669 no sudeste do México.
Na realidade, a pedra conta a vida e batalhas de um governante da época, de acordo com os especialistas.
"Os maias tinham uma noção circular do tempo. Não estavam preocupados com o fim do mundo", disse o arqueólogo mexicano Jose Romero.
A pedra, conhecida como "monumento seis", encontrava-se em El Tortuguero, local arqueológico descoberto em 1915.
Dividida em seis pedaços, os diferentes fragmentos estão expostos em museus mexicanos e norte-americanos, incluindo o Museu de Antropologia Carlos Pellicer Camara, no estado de Tabasco (México) e o Metropolitan Museu de Nova Iorque.
O primeiro estudo sobre a pedra foi publicado por um investigador alemão em 1978.
Desde aí, vários arqueólogos estudaram o seu significado e concordaram que se refere à data de 21 de dezembro.
"O tema dominante do monumento seis não é a data, não são as profecias ou o fim do mundo. Trata-se da história de (então governante) Bahlam Ajaw", afirmou Romero.
A data final representa o fim de um ciclo no longo calendário maia, que começou no ano 3114 antes de Cristo.
Nesta data completam-se 13 'baak t'uun', uma unidade de tempo equivalente a 144 mil dias.
"Não é o fim do calendário maia, que é infinito. É o início de um novo ciclo, é tudo", disse o historiador mexicano Erick Velasquez.
Embora os maias tenham feito profecias, eles preocupavam-se com acontecimentos mais próximos no tempo e que estavam relacionados com preocupações diárias, como a chuva, a seca ou as colheitas.
A crença de que o calendário anuncia o fim do mundo surge através de interpretações judaico-cristãs, afirmaram os peritos.
Velasquez advertiu contra a atribuição de uma importância desmesurada ao "monumento seis", lembrando que se trata apenas de uma de mais de cinco mil pedras da cultura maia que foram já estudadas.
O planeta Terra ainda tem alguns anos de vida, mesmo aos olhos dos antigos maias: algumas pedras referem-se ao ano 7000.
A civilização maia, localizada no norte da América Central, conheceu o apogeu entre 250 e 900 d.C. (depois de Cristo), e foi perdendo importância até 1200, desaparecendo quase completamente após a conquista espanhola.