O secretário-geral do Partido Comunista Português disse esta noite, em Matosinhos, que a "novidade destas eleições" é que PS, PSD e CDS "têm um programa comum", que é acordo assinado com o FMI e a União Europeia.
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"Os três assinaram, assumiram o compromisso de cumprir rigidamente aquilo", sublinhou depois Jerónimo de Sousa, num comício realizado em Matosinhos.
Dirigindo-se às poucas centenas de pessoas presentes, o líder comunista dedicou parte da sua intervenção, de cerca de 20 minutos, ao acordo que o governo português assinou com o FMI e a União Europeia
Jerónimo de Sousa disse tratar-se de um "acordo de ferro", que "é para cumprir, está blindado" e, acrescentou, " quando muito podem propor medidas piores".
"Foi isso que o PSD fez com a legislação laboral e com as privatizações", exemplificou.
Mas a ideia que Jerónino Sousa sublinhou é que socialistas, sociais-democratas e centristas "estão amarrados" ao acordo firmado com a "troika (União Europeia, BCE e FMI), "ajoelharam" perante esse compromisso.
"No dia 5 de Junho, cada cidadão tem não mão um voto e tem duas opções: votar nos partidos da troika ou votar na força que não tomou parte nesse processo, que lutou sempre do lado de quem trabalha, que falou sempre verdade", salientou o líder comunista, referindo-se ao PCP.
"Nós não desistimos de Portugal, a nossa soberania está ameaçada. Neste país de quase 900 anos em muitos momentos da sua história, as classes dominantes, na primeira dificuldade, fosse nas invasões espanholas, fosse nas invasões francesas, fosse no Ultimato inglês, passou-se sempre para o outro lado e abdicou de Portugal", acusou.
Antes de se debruçar sobre o acordo com a "troika", o líder do PCP centrou a sua atenção nas questões económicas relacionadas com o mar, dizendo ser preciso "romper com o atual caminho de declínio" e defender e promover a "produção nacional" e, nomeadamente, combater "a dependência externa".
Num concelho com fortes tradições piscatórias, que deram origem a uma importante indústria conserveira, hoje muito reduzida, Jerónimo de Sousa sustentou que "as pescas, a indústria conserveira e naval, o transporte marítimo e a actividade portuária", entre outras, são "essenciais" para o país.
"Temos a maior zona exclusiva económica da União Europeia e é um crime que esta riqueza não seja aproveitada", disse, responsabilizando, mais uma vez, PS, PSD e CDS pela "grave situação" a que conduziam o país "ao longo de mais de 30 anos".
"Como é que com tanto mar nós estejamos a importar mais de 60 por cento do pescado que consumimos?", perguntou.
Questões idênticas foram levantadas antes pelo cabeça-de-lista da CDU no distrito do Porto, Honório Novo, que afirmou, designadamente, que a região está hoje "reduzida a sete empresas conserveiras", das "dezenas" que operavam em Matosinhos e noutras localidades próximas.