O líder do PSD pediu "consequências" políticas para António Costa, sobre quem acredita que "é pouco crível" que soubesse da atuação de Azeredo Lopes. Mais, o social-democrata admite que o Governo possa ter tentado envolver Marcelo nesta polémica por estes dias, para desviar atenções do primeiro-ministro.
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A reação de Rio, esta quinta-feira, à acusação do caso Tancos foi dura, ao ponto de ter motivado mudanças na agenda de campanha: o primeiro-ministro tem de revelar publicamente se "ou sabe ou não sabe" que Azeredo Lopes estaria concertado com a Polícia Judiciária Militar para a recuperação das armas roubadas. "Ambas [as respostas] são muito más", disse. "O eleitorado é que terá de tirar consequências", atirou.
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"Perante um assunto desta gravidade, o ministro da Defesa não avisa o primeiro-ministro? Não articula com o primeiro-ministro? Sabemos através da acusação que articulou com o presidente da Comissão Política concelhia do PS do Porto [Tiago Barbosa Ribeiro], que também é deputado. Articula com o presidente da concelhia e não articula com o secretário-geral do PS, que é acima de tudo primeiro-ministro do Governo a que ele pertence?", atirou Rio, dando somente duas hipóteses de respostas que exige que Costa dê ao país, sendo que ambas são graves e devem ter "consequências" políticas.
"Se articulou, se informou, como é o mais provável, temos aqui um problema do primeiro-ministro, ele próprio ser conivente com aquilo que se passou", defendeu, admitindo que este é o cenário mais provável.
"Mas se, quisermos ir para a hipótese de o ministro não ter avisado, como o primeiro-ministro tem vindo a defender, então também temos um problema grave, ", frisou, num hotel nas Caldas da Rainha, apontado que, se tiver sido essa a situação, então é grave que haja "um Governo em que os ministros não informem o primeiro-ministro de tudo aquilo que de relevante de importante e de grave se passa no respetivo ministério".
Segundo Rio, não é sequer admissível a segunda hipótese: "Acho que é pouco crível que um ministro não articule aspetos desta gravidade com o primeiro-ministro". Caso contrário, advogou, "como é que António Costa pode presidir a um Governo que tem ministros com quem ele não articula".
"Se o primeiro-ministro insistir que nada sabia, ele não terá grandes consequências a tirar. O eleitorado é que terá de tirar consequências", resumiu.
Rio apontou ainda uma tese não menos grave, e que o seu vice-presidente David Justino publicou no Twitter, de que as notícias dos últimos dias a envolver Marcelo Rebelo de Sousa no caso poderão ser "uma cortina de fumo" para afastar os holofotes do Governo.
"Tudo leva a crer que sim", disse, quando questionado sobre uma possível de encenação dos socialistas, "para que saíssem notícias a tentar pôr uma cortina de fumo".
Para já, o grupo parlamentar do PSD vai exigir uma reunião extraordinária da Comissão Parlamentar Permanente, tendo em contas as declarações que o ex-ministro da Defesa prestou à Comissão Parlamentar de Inquérito ao caso Tancos.
Rio disse ainda que Tiago Barbosa Ribeiro, o deputado socialista a quem Azeredo Lopes disse por SMS saber da operação de recuperação das armas, não tem condições para voltar ao Parlamento, apesar de ser candidato. O social-democrata diz que neste caso a mensagem é uma prova demasiado evidente.