João GonçalvesO PS hojeHá 48 anos - tantos quantos os que durou o ominoso "fascismo" - o PS foi fundado na Alemanha. Mário Soares estava em Paris, exilado, mas mexia-se bem nos círculos trabalhistas e sociais-democratas europeus. Três anos antes, Mitterrand, de um nada constituído por grupúsculos insignificantes, saíra de um congresso com uma coisa na mão chamada "partido socialista".
João GonçalvesA história não prescreveO regime apodreceu há muito. Não apodreceu por causa de um acto processual. O Estado, que detém o exclusivo da acção penal através do MP, sofreu uma derrota imensa nesta fase de purga processual da Operação Marquês, restando-lhe o recurso para tribunal superior no qual, espera-se, possa fazer melhor figura.
João GonçalvesVasco Pulido Valente, um português contemporâneoJoão Céu e Silva, jornalista do "Diário de Notícias", formado em História, acaba de publicar em livro o resultado de mais de quarenta sessões de conversas com Vasco Pulido Valente (VPV).
João GonçalvesNicolau no país das maravilhasVai para dez anos, noutras funções, disseram-me para não alterar uma vírgula na seguinte frase do programa do XIX Governo. "O processo de privatização da RTP incluirá a privatização de um dos canais públicos a ser concretizada oportunamente e em modelo a definir face às condições de mercado".
João GonçalvesLeiamOntem, ao telefone com um amigo com quem colaborei na política, afirmei-lhe que ia deixar de escrever sobre, precisamente, a política. O que passa por política, aqui, está num estado tão calamitoso que não me apetece contribuir para as lérias em curso.
João GonçalvesA intoxicação voluntáriaComeço por louvar-me em Jorge de Sena. Dizia ele, em 1962, no suplemento literário de "O Estado de São Paulo", que, para falar de literatura de consumo, e ao contrário do que sucede com a autêntica, não é necessário lê-la. Se substituir "literatura" por "televisão", chego onde quero chegar. Fora três ou quatro intervenções semanais escolhidas a dedo, não vejo programas de comentário ou de "debate" político.
João GonçalvesA árvore anã e a floresta de enganosComeça amanhã o segundo mandato de Marcelo Rebelo de Sousa. Para despedida do primeiro, António Costa convidou o presidente a assistir a um conselho de ministros sobre florestas. No fim, ofereceu-lhe uma árvore anã, vulgo bonsai, dizendo que colocava a floresta portuguesa nas mãos presidenciais. A imagem cola com a ecologia política e social presente, totalmente distinta daquela em que Marcelo iniciou a magistratura há cinco anos.
João GonçalvesCarlos MoedasOs leitores fora de Lisboa com certeza perdoarão a circunstância de lhes falar, precisamente, de Lisboa. Sucede que, se nada houver em contrário, na capital, como em todas as cidades do continente e ilhas, em Outubro ocorrem eleições autárquicas. E, se no Porto, para não ir mais longe, dificilmente Rui Moreira, recandidatando-se, não será reeleito para um segundo mandato, já em Lisboa há mais em causa.
João GonçalvesVasco e o país das maravilhasHavia uma altura em que se sabia quase de cor quem escrevia nos jornais sem ser jornalista. Ou melhor, quem eram os comentadores ou cronistas "certos".
João GonçalvesMarcelo e os portuguesesUma noite destas, à hora a que o presidente da República falou para renovar o estado de emergência, andava a passear o cão. Depois, porque evito televisão no sentido estrito do termo, apeteceu-me rever "A condessa descalça", com a irrepetível Ava Gardner. Começa, aliás, com um belo aviso em "off" pelo personagem interpretado por Humphrey Bogart: a vida comporta-se como se tivesse visto demasiados maus filmes.
João GonçalvesDeixem-no trabalharO meu primeiro contacto com o partido fundado por Freitas do Amaral, Amaro da Costa e Xavier Pintado, entre outros, foi literalmente exterior.
João GonçalvesSem retornoA pandemia avançou monstruosamente em Janeiro. As mortes covid, e não covid, também. O próprio Parlamento cedeu à cultura individualista da morte. E o Governo exibiu uma absoluta falta de coordenação e de comando políticos.
João GonçalvesSem desculpasO presidente da República é o único cargo político unipessoal. Por consequência, como aqui escrevi na semana passada, quem ganha, ganha absolutamente. E quem perde, perde absolutamente.
João GonçalvesEleições presidenciais - a suspensão do juízoA eleição do presidente da República por sufrágio directo, universal e secreto, para recorrer a um termo de Medeiros Ferreira, faz parte do código genético do Estado democrático.
João GonçalvesEleições presidenciais - o pacto de desconfiançaEm apenas uma semana, tudo mudou. Não porque fosse imprevisível, mas a verdade é que o país vai regressar ao confinamento por causa da pandemia. O regime tratou o assunto sempre mais num registo político e administrativo do que científico.
João GonçalvesEleições presidenciais - o que parece éEncerradas as festividades natalícias e de Ano Novo, o país continua para eleições presidenciais e para mais uma fase, ou "vaga", nunca se sabe bem, da pandemia.
João GonçalvesUm ano que continuaÉ difícil "balancear" um ano monotemático. Na prática, 2020 terminou antes de começar. O corte deu-se na alegadamente remota China. Mas só começou a sentir-se a sério, no antigo Ocidente, a partir de Fevereiro.
João GonçalvesNatal sem NatalEstamos sensivelmente a um mês das eleições presidenciais. Tudo conflui para serem as mais medíocres, politicamente falando, destes quarenta e quatro anos que levamos de escolha do chefe de Estado por sufrágio directo e universal.
João GonçalvesHá algo podre no reino da DinamarcaConta-se que determinado ministro da Educação Nacional, de governos de Salazar, costumava fazer o trajecto a pé de casa para o Ministério. Sucedia que o dignitário tinha por costume fazer "paragens" em todos os lavabos públicos que encontrava no caminho, uma coisa impossível nos dias de hoje uma vez que os fecharam praticamente todos. Disso foi informado Salazar por questões de segurança.
João GonçalvesO recandidato tardioHá quarenta anos, nesta data, o general Ramalho Eanes foi reeleito presidente da República. Obteve um milhão de votos a mais que o seu principal adversário, o general Soares Carneiro: cerca de 3,2 milhões para um e cerca de 2,3 milhões para o outro.
João GonçalvesCosta e MarxSó o partido do Governo aprovou o orçamento para 2021. Os restantes grupos parlamentares, e deputados avulsos, votaram contra ou abstiveram-se.
João GonçalvesTeoria geral do estado de emergênciaO estado de emergência foi renovado. A mais recente renovação abrange dois fins-de-semana "alargados".
João GonçalvesO obtuso ululante1. Esta "medida" de fechar concelhos, 191 a partir de hoje, ao fim de semana depois das 13 h e até às 5 h do dia seguinte, é temerária.
João GonçalvesSalvar o quê?Agustina Bessa-Luís escreveu que "um mundo sem idiotas é um mundo saturado de falsa dignidade". Lembrei-me desta frase porque saturaram-nos com termos como "decência" e "dignidade" a propósito das eleições americanas.
João GonçalvesUm rumoNuma conversa informal com o presidente Cavaco Silva, em que falámos um pouco sobre o seu livro "Uma experiência de social-democracia moderna", questionei a razão de um astrolábio figurar na capa.