Aeroporto sem passageiros, porto sem navios de cruzeiro, mas a hotelaria a funcionar é a imagem da greve geral no Turismo da Madeira, a mais importante actividade económica da região, num protesto que passa ao lado dos visitantes.
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No aeroporto do Funchal, irreconhecível para uma quinta-feira, apenas se encontravam funcionários, mas pouco atarefados.
"Nem na outra greve geral o aeroporto estava assim", disse à agência Lusa Tânia Gouveia, funcionária de uma loja de venda de flores e recordações da Madeira, reconhecendo que, "a esta hora, numa quinta-feira, era para haver turistas, confusão e barulho".
Sentada num dos bancos habitualmente ocupados pelos passageiros que aguardam pela chamada do voo, Tânia Gouveia reconheceu que o facto de o aeroporto se apresentar "deserto" se deve aos passageiros se "precaverem".
"As pessoas informam-se cada vez mais quando há estas situações", garantiu.
No exterior do aeroporto, a praça de táxis contabilizava uma vintena de viaturas, mas zero clientela e, por isso, havia quem se entretinha, em cima de um caixote do lixo, a jogar dominó. "Estou aqui desde as 04.30 horas e ainda não saí, daqui ainda ninguém arrancou", disse José Gouveia, explicando que o seu dia de trabalho é ganho à comissão.
Para o finlandês Mauri Akesels, que pela quarta vez se encontra na Madeira, o dia "é normal", sem que os efeitos do protesto tenham efeito nas suas férias.
O mesmo disse a britânica Linda Brentano, que na quarta-feira, pela televisão, soube da greve. "Eu vi o primeiro-ministro - é novo não é? - a falar. A greve é por causa da crise económica", declarou a turista, que achou "tudo normal" no hotel e nas ruas, onde notou a presença de autocarros a circular.
No porto, hoje, os dois navios de cruzeiro previstos atracarem não o fizeram. "Um vinha de Lisboa, com 2532 passageiros e 951 tripulantes, outro com 1931 turistas e mais 937 tripulantes", adiantou o director de operações da agência João Freitas Martins.
Lino Ribeiro estimou em meio milhão de euros as verbas que ficaram por arrecadar na Madeira devido a esta situação. "Desde excursões, táxis, restaurantes, comércio, taxas, isto não é nada positivo", frisou.
O responsável do Sindicato dos Trabalhadores na Hotelaria, Turismo, Alimentação, Serviços e Similares na Madeira, Adolfo Freitas, previu uma adesão de 20%, admitindo estar aquém do desejado: "não é o que gostaríamos que fosse".
Já o presidente da Mesa de Hotelaria da Associação Comercial e Industrial do Funchal referiu que a greve tem "pouca expressão", afiançando não ter indicação de défice de serviços aos clientes motivado pela paralisação.