<p>O Governo Regional da Madeira mantém o número de mortos em 42 e diz que, para já, não foram encontrados indícios que permitam concluir haver vítimas mortais no parque de estacionamento do Anadia Shopping, no Funchal. O número de desaparecidos, no entanto, subiu, dos 4 que eram veiculados esta tarde, para 32. Há ainda 370 desalojados e 18 feridos graves.</p>
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São estes os dados oficiais mais recentes e foram avançados pelo vice-presidente do Governo Regional da Madeira João Cunha e Silva, durante uma conferência de imprensa realizada ao final da tarde de hoje, segunda-feiraPor seu turno, o presidente da Câmara Municipal do Funchal, Miguel Albuquerque, disse também hoje, ao final da tarde, que tem havido "boatos" sobre a existência de corpos que estão nos parques de estacionamento subterrâneos.
"Neste momento há um corpo técnico da fragata Corte Real que está a trabalhar nesta área com as equipas de emergência. O centro comercial do Anadia foi esvaziado a primeira cave. Não há registo de qualquer óbito", acentuou.
O responsável anunciou também que são 29 as vítimas mortais do Funchal.
Entre os mortos encontra-se uma turista britânica mas as autoridades não têm registo de mais nenhum turista estrangeiro entre os desaparecidos, que são todos casos dos concelhos do Funchal e da Ribeira Brava, por indicação das respectivas famílias.
No total, existem 370 pessoas desalojadas devido ao mau tempo e as estruturas básicas foram seriamente afetadas.
Esta tarde, o JN já tinha avançado que os cães de catástrofe não tinham detectado nenhum odor de cadáver no piso - 1 do Anadia Shopping. O responsável pelos parques de estacionamento do centro comercial, Marcos Sousa, confirmou-o ao JN.
"Os cães estiveram cá por volta das 11.30 horas e não detectaram nenhum odor a cadavér" no piso -1 do Anadia Shooping, disse aquele responsável.
Além dos cães, aquele piso também já foi observado pelo pessoal do SANAS, uma empresa de socorros a náufragos, e por um mergulhador da GNR.
"A única coisa que se sabe é que no piso - 1 estão 20 automóveis estacionados, mas vazios", assegura Marcos Costa.
O parque de estacionamento do Anadia Shooping é constituído por dois pisos, cuja dimensão de cada um ronda os 70 por 50 metros". No total, o parque tem capacidade para 340 viaturas.
As equipas de resgaste ainda não conseguiram, no entanto, entrar no piso - 2.
Ontem à noite, elementos dos bombeiros e do Exército tentavam, a todo o custo, bombear a água dos pisos subterrâneos dos shoopings para que as equipas de resgate pudessem dar início às operações de busca.
De manhã, Fátima Silva, 45 anos, partilhava com a colega Inês Olival, 36, ambas recepcionistas no parque de estacionamento, um cigarro e a imagem do centro comercial esventrado. "Isto aconteceu num sábado de manhã, o dia mais forte. Imagine quantas pessoas estariam ali em baixo", disse Fátima. Inês estremeceu e concordou: "Receio o pior... o pior!"
O pior é quase uma certeza para Goreti Silva. Esteve durante horas a ver os militares do Exército a bombear água do parque onde, no sábado de manhã, deixou o carro, minutos antes da enxurrada. "Costumo deixá-lo aqui, porque é mais espaçoso e fica perto do centro", explicou, ao JN. "Estavam bastantes carros, pelo menos, no primeiro piso, e havia alguns à espera da lavagem que existe no segundo piso", contou.
Goreti Silva continua o seu relato: "Primeiro, falhou a luz, e havia gente à espera que voltasse, para subirem no elevador. Depois, houve quem corresse para tentar salvar o carro. Esses não devem ter conseguido sair".
Ontem, os números da tragédia apontavam para 42 mortos (entre os quais, uma turista inglesa de 50 anos), 70 feridos, 32 famílias desalojadas e quatro desaparecidos. Mas à medida que as operações de limpeza se forem desenvolvendo, os números poderão aumentar.