Francisco Louçã acusou hoje, sábado, o primeiro-ministro de não querer assumir a responsabilidade em momentos difíceis, comentando assim as declarações de José Sócrates ao chumbo do Código Contributivo na Assembleia da República.
Corpo do artigo
"Espero que a Assembleia da República tenha a responsabilidade de perceber, todos os partidos, que não se pode governar a partir das Assembleia da República, porque quem governa é o Governo", reagiu sexta-feira o primeiro-ministro, aos diplomas anti-crise aprovados pela oposição, onde se incluía o Código Contributivo.
Falando esta tarde aos jornalistas, em Coimbra, à margem da reunião da assembleia distrital do BE, Francisco Louçã acusou José Sócrates de reagir com o "fado do desgraçadinho", considerando que as suas declarações são "muito indicativas de uma tensão política que se está a acumular".
"O primeiro-ministro reage com o fado do desgraçadinho, com uma enunciação de uma catástrofe que não tem qualquer rigor nem resposta à realidade. É simplesmente o Governo a atirar-se para o chão porque houve uma derrota e a alegar que não tem condições para governar", afirmou o coordenador nacional do Bloco de Esquerda.
"O que o primeiro-ministro fez foi dizer que está desesperado por eleições mas não quer assumir a responsabilidade dos momentos difíceis, a não ser numa matéria. Se houver um banco que lhe bata à porta temos a certeza que há 450 milhões para um privado ou já sabemos que há quatro mil milhões para o BPN, num buraco sobre o qual o Governo se recusa determinantemente a dizer qual será aquilo que chegará ao bolso dos contribuintes", acrescentou.
Os partidos da oposição aprovaram sexta-feira no Parlamento um projecto de lei do CDS/PP e um projecto de resolução do PSD, que ainda serão discutidos na comissão parlamentar da especialidade, que têm como objectivo adiar um ano a entrada em vigor do Código Contributivo.
Francisco Louçã garantiu que o seu partido quer dar respostas precisas para dar condições para governar e que o Código Contributivo "deve e pode entrar em vigor assim que forem corrigidos três erros importantes".
"O código tem de promover o emprego e não a precariedade, defender os salários e não reduzi-los e defender a economia e não prejudicá-la. Corrigidas as três grandes questões, o código deve entrar em vigor e aí estará a favorecer o trabalho e a competência em Portugal", frisou o líder bloquista.
Por outro lado, Francisco Louçã recordou que "houve uma coligação negativa na Assembleia da República entre o PS e o PSD para recusar o direito a quem já descontou 40 anos do seu trabalho para poder ter uma reforma depois de tanto tempo de trabalho, em particular quem começou a trabalhar com 11, 12, 13 ou 14 anos".