Um morto, vários feridos, 21 pessoas desalojadas e um milhão de pessoas sem luz é o balanço de um dia marcado por ventos que, em vários pontos do país, atingiram os 140 km/hora. Por todo o lado, caíram árvores e voaram telhas. Ao todo, houve 4644 ocorrências.
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O mau tempo nem foi tão grave como o Instituto de Meteorologia inicialmente previa. Mesmo assim, os ventos chegaram aos 140 quilómetros por hora em várias zonas do país e lançaram o caos. Bombeiros, Polícia e Protecção Civil não tiveram mãos a medir.
Os telefones não pararam de tocar, durante todo o dia de ontem, sobretudo na zona do Grande Porto, onde cada corporação de bombeiros respondeu a mais de 60 ocorrências. A complicar a situação, uma avaria na central originou um corte, durante duas horas, das comunicações via rádio da PSP/Porto. Fonte do INEM, revelou também que a linha 112 chegou a estar sobrecarregada.
Em todo o país, ouviam-se os mesmos relatos. Cortes de energia que afectaram um milhão de pessoas, árvores que caíram, prédios a ruir, desabamentos e inundações. Segundo a Autoridade Nacional de Protecção Civil (ANPC), até às 19 horas, foram registadas 4644 ocorrências, das quais 2582 referiam-se a queda de árvores, 1025 a queda de estruturas, 801 a inundações, 141 a deslizamentos e 95 a desabamentos.
Transportes condicionados
O caso mais grave verificou-se em Paredes, onde uma criança de 10 anos morreu ao ser atingida por uma árvore, quando brincava no adro de uma igreja. O ministro da Administração Interna, Rui Pereira, já lamentou a morte do menino e enviou sentimentos à família.
Apesar de serem dezenas os relatos de ferimentos provocados pelo mau tempo, não foi feito uma contabilização de todos os casos. Fonte do INEM explicou, ao JN, que "a maioria das vezes que acorreram a um acidente não tinham indicação de ter sido ou não provocado pelo mau tempo".
Um dos acidentes com feridos ocorreu, em Nisa, quando um automobilista ficou em estado grave ao chocar com uma árvore que estava caída na estrada. Em Gaia, uma mulher foi levada 50 metros pelo ar e ficou com hematomas em várias partes do corpo.
Segundo a ANPC, o mau tempo provocou 21 desalojados. Por exemplo, em Campo Maior, quatro famílias ficaram sem tecto, quando o vento arrancou as chapas de cobertura das barracas onde viviam. No Porto, duas famílias tiveram que procurar abrigo em casa de familiares, depois do prédio vizinho ruir parcialmente.
O mau tempo provocou ainda constrangimentos nos transportes públicos. Na linha do Douro, a queda de uma pedra suspendeu a circulação ferroviária entre a Régua e o Pinhão. Em Lisboa, a Transtejo teve que desviar as ligações Barreiro/Lisboa para Cacilhas e Cais do Sodré. No Porto, o metro teve alguns ligeiros condicionamentos na linha da Póvoa. Nos aeroportos de Lisboa e Porto, houve alguns voos que tiveram que ser cancelados ou adiados.