O presidente do grupo parlamentar do PSD disse que é o "sentido de Estado" que motiva a abstenção do partido na votação do Orçamento para 2010, considerando que se não o fizesse era o colapso do país.
Corpo do artigo
"O sentido de Estado que o PSD fez ao anunciar hoje [segunda-feira] que se ia abster para viabilizar o Orçamento significa tão-somente" que fez uma "análise muito realista da situação" e das "consequências para o mercado internacional", já que inviabilizar o Orçamento poderia ser "o colapso" para o país, afirmou José Pedro Aguiar-Branco.
O líder parlamentar do PSD, que esteve em Leiria, na segunda-feira à noite, na tomada de posse da nova Comissão Política Distrital do partido, acrescentou que "só quem não anda atento ao que se anda a passar lá fora e a verificar o que é que anda a acontecer com países que estão em condições semelhantes na consideração que têm no mercado internacional" pode pensar o contrário.
"O PSD, com isto, faz a demonstração, também para os mercados internacionais, que Portugal tem a sua capacidade para poder honrar os seus compromissos", declarou.
Apontando três situações que definiu como "altamente dramáticas para o país" - endividamento externo, despesa pública e constante desorçamentação -, o responsável frisou que foi o "sentido de Estado com que o PSD encarou este orçamento" que "fez com que desde a primeira hora exigisse do Governo a demonstração de que ia traduzir, quer no Orçamento do Estado, quer no Plano de Estabilidade e Crescimento", as condições para que aquelas situações fossem invertidas.
José Pedro Aguiar-Branco disse ainda esperar que o mesmo sentido de Estado "aconteça por parte do Governo", por exemplo no apoio às pequenas e médias empresas, na discussão na especialidade do diploma, para que possam, em primeiro lugar, manter o emprego que dão e em segundo gerar mais riqueza e criar mais emprego, referindo, a este propósito, que diariamente 500 portugueses caem na "chaga do desemprego".
Por outro lado, acrescentou que gostaria que o Governo "tivesse igual sentido de Estado quanto a muitas das obras e das mega-obras que no seu programa apresentou aos portugueses".
O presidente do grupo parlamentar do PSD adiantou que gostaria que o Governo tivesse "o sentido de Estado" para perceber que "as circunstâncias em que Portugal se encontra aconselham que não deixemos para as gerações futuras encargos que serão muito difíceis e penalizantes para todos".
Aguiar-Branco recusou ainda a ideia de que o PSD tenha negociado com o Governo a proposta de diploma "numa lógica de mais limiano, menos limiano", considerando "uma leviandade e uma falta de maturidade" quem, dentro ou fora do partido, entende que o PSD deva votar contra o Orçamento do Estado.
"É desconhecer a responsabilidade que uma afirmação dessas acarretaria em relação à posição de Portugal na nossa relação com o exterior", declarou, lembrando as palavras do fundador do partido, Francisco Sá Carneiro: "Primeiro o país, depois o partido."