Portugal despediu-se, no Estádio Green Point, na Cidade do Cabo, do Mundial 2010. A Espanha, campeã europeia, sacou dos galões e mereceu ser feliz, ao contrário das quinas, que passaram mais tempo a ver jogar do que a procurar a felicidade.
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A Espanha teve David Villa, Portugal não teve Cristiano Ronaldo. A Espanha teve audácia, Portugal esperou pelo adversário. E estas duas evidências fizeram a diferença, na Cidade do Cabo, onde terminou a aventura da selecção portuguesa no Campeonato do Mundo de 2010.
O sete espanhol assinou o golo que coloca o campeão europeu nos quartos-de-final e o nosso CR7 passou como um fantasma pelo jogo.
Pouco antes do final do encontro, levou uma valente assobiadela do público, após (mais) um remate desastrado, do meio da rua. Sem Ronaldo, mas com alma, Portugal ainda lutou, depois daquele fatídico golo, sofrido aos 63 minutos. Mas nada havia a fazer. Mesmo admitindo que podíamos ter marcado antes da Espanha, mesmo admitindo que o tento é no limite do fora-de-jogo, a verdade é que os Navegadores só não levaram um golo mais cedo porque Eduardo teve uma noite sensacional. Mais uma.
Que grande exibição realizou o guarda-redes das quinas, defendendo tudo o que havia para defender. Saiu inconsolável do campo, a chorar. Mas, que diabo, Eduardo não é imenso! E nada mais podia fazer no 123.º golo marcado no Mundial 2010. O golo do nosso pesadelo, o golo que nos mandou para casa.
Espanha manda, Portugal reage
Assim que a bola começou a rolar, bem mais atrevida, a "La Roja" entrou com tudo, a exibir os pergaminhos de campeã europeia. Serpenteou pela direita e esquerda da defesa das quinas, correu que nem louca naqueles primeiros minutos, mas a equipa de Carlos Queiroz reagiu, atrevendo-se em saídas rápidas, que muito bem poderiam ter resultado em golo. Tiago esteve muito perto de ser feliz, mas Casillas, como Eduardo, foi grande, e parou o remate do médio. Foi uma das poucas ocasiões flagrantes criadas pelos rapazes de Queiroz. Outra aconteceu no início da segunda metade.
No que respeita a lances de golo iminente para Portugal, estamos conversados. Ora, à Espanha não faltaram situações de perigo na área.
Por filosofia de jogo, ou devido ao poder do meio-campo adversário, os portugueses nunca conseguiram circular a bola como convinha, ao contrário da Espanha, movida pela arte de Xavi e Iniesta. Meireles e Tiago não lograram, nem de perto nem de longe, fazer o mesmo. E isso foi penalizador.
Dificilmente alguém consegue ganhar sem ter a bola nos pés... De tantas tentativas, o carrossel espanhol lá conseguiu adormecer a defesa de Portugal e Villa aproveitou a brecha, já depois de Carlos Queiroz ter trocado Hugo Almeida por Liedson.
Queiroz mexe e CR7 desaparece
E as quinas até tinham entrado bem na segunda parte, cheiraram o golo. O seleccionador resolveu alterar e, quando tinha Liedson no banco, optou por colocar Danny - que nada fez para justificar a chamada -, derivando Ronaldo para o eixo do ataque. Se CR7 não tinha feito maravilhas até então, a mexida fez com que desaparecesse.
Pela primeira vez na fase final de uma grande competição de futebol, o vizinho ibérico venceu Portugal e carimbou-nos o passaporte para o regresso. Pela primeira vez na nossa História, não fomos felizes na Cidade do Cabo.