Vítor SantosNo Interior está o ganhoA política do alcatrão mudou Portugal. Passámos a ser um país com boas estradas, que depressa se transformaram em vias abertas à debandada do Interior. Há meia dúzia de dias, conversava com um autarca sobre a necessidade de um eixo estruturante que ligasse o "seu" oásis das montanhas do Douro a uma auto-estrada. O meu interlocutor desmontou logo a ideia. Provavelmente, teria o efeito oposto e, em vez de trazer gente, serviria como porta de saída aos que restam. O problema, porém, não está nas vias de comunicação, todas essenciais - excepto aquelas onde passa um carro a cada 10 minutos - revela-se, antes, na incapacidade de desenvolver as vilas e cidades do interior, de as tornar mais sedutoras para os jovens e solidárias para os velhos. Os mentores da revolução do alcatrão esqueceram-se do essencial.
Vítor SantosCalor aperta a discussãoSempre que o calor aperta a sério e os fogos florestais ameaçam o país, surgem os discursos inflamados contra a falta de organização dos serviços de proteção civil ou o deficiente planeamento florestal.
Vítor SantosCosta apeado e Nuno Melo à boleiaNa semana passada, Pedro Nuno Santos anunciou o fim do sossego de António Costa. A conjuntura já não era favorável. Será sempre complicado governar num contexto de guerra em plena Europa e com o Mundo em recuperação lenta da estrondosa queda da economia devido à covid-19, menos ainda, portanto, quando do interior do Executivo socialista, suportado por uma maioria absoluta com meia dúzia de meses, surgem sinais de desnorte comunicacional em matérias tão sensíveis como a construção de um novo aeroporto para a capital do país. Ainda o Governo estava a recuperar da turbulência provocada pelo ministro das Infraestruturas e nova nuvem surgia no horizonte de António Costa, esta anunciada, com a entronização de Luís Montenegro no PSD.
Vítor SantosDar futuro à SaúdePercebe-se a necessidade de encontrar respostas rápidas para o caos do Serviço Nacional de Saúde (SNS), é preciso reconquistar a confiança dos profissionais e tornar a carreira mais atrativa, mas esta ideia de quase resumir as soluções ao aumento de remunerações é um erro crasso. Será preciso muito mais para normalizar a oferta e melhorar a relação entre hospitais e utentes, agora num desgaste permanente e sem sinais de cura, segundo a perceção da diretora-geral da Saúde, cuja mensagem forte da última intervenção consistiu em desaconselhar os portugueses a ficarem doentes no verão.
Vítor SantosEste país não é para jovensO presidente da Câmara de Aveiro colocou o dedo na ferida, recentemente, ao comentar a dificuldade que as empresas do concelho têm em contratar trabalhadores. Ribau Esteves garante que, no imediato, faltam cerca de 1500. O problema não é novo, é até transversal a boa parte do país e tem várias dimensões. Uma delas está plasmada na manchete de hoje do "Jornal de Notícias", onde se pode ler que os salários dos licenciados caíram mais de 10% nos últimos nove anos.
Vítor SantosExploradores e abusadores de criançasNão concordo com quem insiste que a guerra e a pandemia constituem uma oportunidade. A generalização é injusta, mas apetece dizer que quem pensa assim vive bem com o mal dos outros. Morre muita gente, os mais afetados são os mais desprotegidos, há negócios e vidas estilhaçados. No meio de tudo isto, claro, há quem engorde a conta bancária. As maiores fortunas do Mundo não param de crescer.
Vítor SantosViolência que envergonhaA estatística assusta e deve envergonhar-nos a todos: com mais um homicídio na via pública, ontem, em Felgueiras, o número de mulheres assassinadas por atuais ou ex-companheiros em menos de seis meses sobe para 13, já próximo do registo total de 16, em 2021.
Vítor SantosBalas más e balas boasA invasão russa na Ucrânia colocou a política internacional na ordem do dia e transformou especialistas de Saúde em comentadores de guerra, só não conseguiu mudar aquela forma de debater ideias de camisola vestida, como acontece na mais inócua conversa sobre futebol.
Vítor SantosA vingança de ZaiduLá longe, no calor de 15 de agosto do ano passado, uma perda de bola deixou Sérgio Conceição, o banco do F. C. Porto e os adeptos em brasa. O Famalicão marcou o 2-2, mesmo à beira do fim, mas o VAR corrigiu e os dragões somaram a segunda vitória na Liga.
Vítor SantosO sorriso de Eunice MuñozVestiu peles sem conta em palco. Chorou, despertou lágrimas, sorriu, acionou gargalhadas.
Vítor SantosA derrota total de PutinNão é pelo recuo ou redirecionamento das tropas, não é pela destruição bárbara das infraestruturas de um país e anexação de parcelas - porque a Rússia nunca retirará completamente do território ucraniano -, mas é certo que Putin já perdeu a guerra, precisamente no único plano em que precisava de a vencer e que consiste na influência sobre a liberdade económica da Ucrânia.
Vítor SantosHipocrisia diplomáticaA guerra na Ucrânia projetou um êxodo como não se via na Europa desde a II Guerra Mundial. Contam-se já mais de 10 milhões de deslocados ucranianos, acolhidos sobretudo em território europeu, numa onda solidária sem precedentes, à qual os portugueses se associaram.
Vítor SantosJustiça com preço fixoA celeridade da Justiça em Portugal é problema que, por estar longe de ser novo, deve justificar máxima prioridade junto do próximo Governo, que terá tempo e estabilidade para resolver de uma vez por todas a situação delicada em que está mergulhado o setor, no que concerne à credibilidade.
Vítor SantosPedras no passeio de CostaO crescimento dos socialistas nas legislativas está em linha com a queda de CDU e Bloco de Esquerda. António Costa recolheu mais 380 mil votos em relação a 2019, enquanto os parceiros que lhe viabilizaram orçamentos durante os quatro anos de geringonça perderam 350 mil.
Vítor SantosCosta a sugar a EsquerdaMesmo tratando-se de um momento com tanto de marcante como de escusado, aquele erguer de mão de António Costa com um Orçamento de Estado defunto na mão, no final do debate com Rui Rio, merece reflexão.
Vítor SantosO grande combateSe há evidência que a pandemia sublinha é que os pobres sofrem sempre mais do que os ricos quando o equilíbrio social e económico do planeta é afetado.
Vítor SantosPausa para o futebolAproveitemos o espírito das festas para driblar o tom sisudo dos testes à covid e da política com eleições à vista e centremo-nos na coisa mais importante entre as menos importantes, que é o futebol, na opinião do treinador italiano Arrigo Sacchi - e eu até concordo.
Vítor SantosO desamor do EstadoPassaram umas boas décadas, mas nunca mais esqueci um discurso do meu pai no balneário. Na qualidade de dirigente, antes de uma partida de andebol, injetava moral nos jogadores com uma palestra forte, sobre a necessidade de sentir o peso da palavra "amador".
Vítor SantosCabrita no sapato e no sapatinhoNão há maneira de os portugueses se livrarem de Eduardo Cabrita. Dá-se um pontapé numa pedra e logo aparece uma trapalhada com o ex-ministro da Administração Interna envolvido, direta ou indiretamente, com ou sem culpa própria.
Vítor SantosO silêncio é de ouro e de CostaA dois meses das legislativas, o silêncio tem sido o melhor amigo do Partido Socialista. António Costa há de reaparecer hoje para animar a bancada rosa do Parlamento e terá uma semana bastante ocupada até ao dia do anúncio daquilo que todos sabemos: novas medidas de combate à pandemia, coisas tão básicas e necessárias como distanciamento, uso de máscara, aceleração da testagem e uma solução milagrosa de task force 2 da vacinação, este sim, um grande problema, atendendo à quantidade de pessoas que é necessário vacinar em tempo recorde com a terceira dose - a segunda, no caso daqueles que tomaram o fármaco da Janssen.
Vítor SantosDanos de imagemA velocidade de resposta dos políticos na defesa das instituições do Estado, quando estas são colocadas em causa, é inversa à que se movimentam para resolver os problemas das populações.
Vítor SantosA nebulosa do Orçamento A distribuição do dinheiro sempre foi um problema para os governos, sobretudo quando não abunda. Como se vê pela atualidade política, num país, como numa casa, ter um bom orçamento é tudo. Impossível mesmo é agradar a todos.
Vítor SantosA mudança de Rui CostaAs primeiras impressões indicam mudança, são mais consentâneas com um quadro de rutura do que de continuidade, o que surpreende, atendendo a que Rui Costa esteve 13 anos ao lado de Luís Filipe Vieira no Benfica. Os próximos tempos ajudarão a perceber se estamos perante uma alteração profunda, ou se estes sinais foram apenas o reflexo de uma operação de cosmética destinada a captar apoios. Até prova em contrário, a realidade dá todo o crédito ao novo presidente das águias.
Vítor SantosUm país da luz às trevasAs prioridades dos políticos variam tanto como o sentido do vento. Andámos durante semanas, extraordinariamente coincidentes com a campanha das autárquicas, a ouvir promessas de bonança nas asas da "bazuca" e, quase sem se dar por isso, a discussão do Orçamento do Estado para 2022 entrou na ordem do dia e logo percebemos que, interpretando as prioridades do Governo, afinal, não será bem assim.
Vítor SantosMente pouco brilhantePassamos a vida a correr e a dizer que o tempo voa, coisa que faz muito sentido quando abordamos a pandemia, cujas restrições, de tão castradoras, parecem enraizadas há séculos na vida de todos.