O que ele fez é muito grave. O que ele fez é uma vergonha. O que ele fez há de dar um filme. Jack Teixeira está tramado.
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Talvez seja só coletiva vergonha alheia, mas é mesmo, e é sempre, uma facada no ufanismo e na sensação nacionalista de amor à pátria, que é sempre um amor primordial. É com esse constrangimento - e ele desce agora sobre todos os portugueses como um manto de demérito e de nacional descrédito - que sabemos que o responsável pela maior fuga de documentos secretos sobre a Guerra da Ucrânia é um lusodescendente.
Chama-se Teixeira, Jack Douglas Teixeira, tem 21 anos, mora no Massachusetts e é neto da 3.ª geração pelo lado do avô e do pai que largaram tudo e os Açores para emigrar para os EUA.
Teixeira nunca veio a Portugal, não fala Português, mas pelo sangue é um de nós. E Teixeira está tramado: na quinta-feira foi preso em North Dighton, onde mora. Está em prisão preventiva e esta sexta-feira já está a ser acusado. São-lhe imputadas duas incriminações relacionadas com a fuga e publicação ilegal de centenas de documentos classificados dos EUA.
Há, para já, duas acusações distintas: retenção e transmissão não autorizadas de informações de defesa nacional; e remoção e retenção não autorizadas de documentos ou materiais classificados.
Está mesmo tramado, Teixeira: vai ser certamente julgado pela Lei de Espionagem dos EUA. E a lei é duríssima: impõe penas até 10 anos de prisão por cada documento divulgado sem autorização. Quantos documentos são? São centenas.
Mas quem é exatamente Jack Teixeira? É um aviador de 21 anos na Guarda Nacional da Força Aérea norte-americana. Gosta de jogos de guerra a fingir, gosta de armas reais, gosta de partilhar memes racistas, gosta de temer a Deus.
Mas, por que é que ele fez o que fez? Por bravata, pretensa valentia, fanfarronice, estava a armar-se entre amigos. Se ainda não leu, leia o perfil dele e o que ele fez aqui.
O enredo todo à volta de Jack Teixeira parece um filme - e há de dar um filme, claro, aquilo é os EUA -, mas entretanto o que há é embaraço para todos os portugueses que vivem lá e vivem cá. Recorde aqui como tudo se desenrolou.
O resto do mundo pula e avança
Manuel Pinho, ex-ministro da Economia, e Ricardo Salgado, antigo presidente do BES, vão mesmo a julgamento por favorecimentos no processo do Caso EDP. A mulher de Pinho, Alexandra Pinho, também está aqui enredada
O PSD não vai fazer acordo eleitoral com o Chega, nem sequer pensa numa geringonça com o partido extremista de André Ventura. Luís Montenegro, líder do PSD está a dizê-lo pela primeira vez.
Mas, com a popularidade do Governo PS em queda, como está o PSD? Está no purgatório. Relembre aqui o que dizia a última sondagem do JN.
Mas, estamos ou não estamos a viver uma crise política?
O primeiro-ministro diz que não, que estamos é "numa situação muito exigente" e que "a pior coisa que podia haver era inventar uma crise política".
Má notícia para quem está a conseguir poupar. Boa notícia para quem tem créditos.
Sportinguistas: tenham fé para dia 20 (2.ª mão em Alvalade contra a "vecchia signora", que, por acaso, pareceu mesmo "vecchia") e leiam com orgulho o que se disse do jogo Juventus-Sporting lá fora.
Benfiquistas: o treinador tem as chaves na mão.
Portistas: o caminho faz-se caminhando.
Amantes de música - e da "casa de todas as músicas": este fim de semana há festa na Casa da Música, no Porto (e há borlas para quem tem 18 anos).
E mais isto: o JN faz 135 anos no dia 2 de junho - sim, desde 1888 que este jornal é publicado todos os dias. E se ainda não se apercebeu que andamos a desenterrar memórias, vá aqui e faça o tempo andar para trás.
Não é tudo, tudo o resto está sempre aqui, vivo e a pulsar.
Bom fim de semana. E leia. Leia sempre. Ler faz crescer.