eduardo pinto A queimada do padre Fontes para os males que nos atormentamQuando a próxima meia-noite bater nos relógios de Montalegre, o padre Lourenço Fontes há de voltar a desenrolar uma ladainha enquanto mexe, num caldeirão, uma mistela de aguardente e outros acrescentos doces. É a queimada que vai aquecer as 40 mil gargantas que a autarquia local espera ter na zona histórica da vila para celebrar a noite das bruxas esta sexta-feira 13.
norberto lopesO Mundo sob ameaça nuclearMinistro do Conselho de Segurança Russo faz declarações preocupantes depois da Finlândia e da Suécia terem anunciado que estão interessadas em fazer parte da NATO.
À espera nas urgênciasEntra na Urgência. É admitido. Fica à espera. Vai à triagem. Recebe uma pulseira. E espera. E desespera. Há 14 anos que as Urgências do Hospital de S. João, no Porto, não recebiam tanta gente: 1022 admissões num dia. Enquanto a sexta vaga começa a "desenhar-se" em Portugal, dos céus da Ucrânia chovem bombas. O secretário-geral da ONU diz que não há perspetivas de um cessar-fogo "num futuro próximo". E os ucranianos continuam à espera.
De norte a sul há buscas e entregasEm dia marcado por episódios de norte a sul no país (sempre com a guerra na Ucrânia a ser um tema incontornável), o suspeito da morte de um adepto durante os festejos de campeão do F. C. Porto entregou-se à PJ. A polémica na Câmara Municipal de Setúbal continua a dar que falar, na mesma altura em que, num tom mais positivo, um dos futebolistas mais promissores da atualidade assinou por um gigante inglês.
helena norteUm Putin vitimizado, um Zelensky confiante em dois dias da VitóriaNo tão aguardado Dia da Vitória, 77 anos volvidos sobre a capitulação da Alemanha nazi, Putin não tinha conquistas para alardear. Afastou o fantasma do nuclear e justificou a invasão da Ucrânia dizendo que "era a única solução". Zelensky, por seu lado, deixou a promessa de que os ucranianos terão dois dias da Vitória para celebrar.
OMS pede profissionais de saúde, Governo promete 2600 políciasDesta vez, não foram os sindicatos, nem os partidos à esquerda do PS que o disseram. Foi a Organização Mundial de Saúde (OMS), que, através da diretora do seu Departamento de Preparação Sanitária, Stella Chungong, alertou para a escassez de profissionais no nosso SNS, apontando caminho ao Governo: "Se [os profissionais do SNS] não virem incentivos claros para que permaneçam, façam o seu trabalho e se sintam felizes, irão para outros sítios", declarou, na sede do Infarmed, em Lisboa.
ana tulhaDez milhões de mortes que escaparam às contasFoi o tema dominante de todos os espaços noticiosos durante meses a fio, dia após dia, manchetes sem-fim, boletins incessantes e um rol de mortes aterrador. Até que veio uma guerra em plena Europa e a covid-19 foi perdendo importância, descendo sucessivamente na hierarquia informativa, até quase virar nota de rodapé. Agora, com as máscaras a descer e os números a subir, uma estimativa da Organização Mundial de Saúde (OMS) vem pôr outra vez o dedo na ferida, lembrar-nos dolorosamente de quão devastadora foi - e ainda é - esta pandemia, a vários níveis.
almiro ferreiraO patriarca, o carniceiro e a ternura da videovigilânciaCirilo, patriarca da Igreja Ortodoxa Russa, que, nem há um par de meses, ao lado do papa Francisco, suplicou por "uma paz justa" e pelo estabelecimento de pontes diplomáticas por uma saída pacífica na Ucrânia, é o mesmo Kirill, como o tratam lá em Moscovo, que está "nomeado entre 58 indivíduos abrangidos pela nova proposta de sanções" da União Europeia à Rússia. Ele e o "Carniceiro de Bucha".
sílvia gonçalvesMais de 100 emergiram dos túneis. Centenas subsistem na escuridãoDos subterrâneos da siderúrgica Azovstal, em Mariupol, emergiram hoje 101 civis, que uma operação conjunta das Nações Unidas e Cruz Vermelha permitiu fazer chegar a território menos dilacerado, Zaporíjia. Sobre a mesma fábrica, último reduto da resistência ucraniana na cidade costeira, prepara-se o exército russo para avançar com aviação e artilharia, segundo anúncio do Ministério da Defesa russo, que refere ainda o envolvimento de separatistas pró-Moscovo, de Donetsk, para "destruir as posições" ucranianas no complexo industrial. Depois do aviso, as forças ucranianas confirmaram um "poderoso ataque" à fábrica de aço, "com o apoio de veículos blindados e tanques", de que terão resultado dois mortos e dez feridos. Nas caves do complexo, mantêm-se centenas de civis retidos. António Guterres disse esperar que a coordenação da ONU com Kiev e Moscovo "leve a mais pausas humanitárias".
ana tulhaEntre o medo de morrer soterrado e o medo de acabar em território inimigoDe um lado, a vida cingida à negritude dos túneis e abrigos subterrâneos de um complexo industrial da era soviética, dois infinitos meses sem réstia de luz solar, o oxigénio a querer escassear, a sensação de um desabar iminente a cada bombardeamento (como aqui se conta). Do outro, o medo de ser desviado na fuga, o pavor de não chegar nunca ao porto seguro, de acabar antes condenado a sobreviver em território inimigo. Será este o dilema que, por estes dias, aflige uma boa parte dos civis que continuam a resistir nas entranhas da fábrica da Azvostal, em Mariupol (Ucrânia)
Absurdos, da guerra e não só, com temperaturas a subir"Uma guerra em pleno século XXI é um absurdo". Depois de reunir-se com Vladimir Putin, o secretário-geral da ONU, António Guterres, visitou algumas das cidades ucranianas massacradas pela invasão russa.
inês schreckExpectativas em baixo, lá fora e cá dentroUm dia depois da visita de António Guterres a Moscovo, a Rússia cumpriu o prometido e cortou o fornecimento de gás à Bulgária e à Polónia. Um dia depois do encontro do secretário-geral das Nações Unidas com Putin, continuam os ataques armados na Ucrânia, não há acordo para corredores humanitários em Mariupol e sobem de tom as ameaças a qualquer país de fora que ouse intervir no conflito. Um dia depois...Guterres chega a Kiev, mas as expectativas são baixas.
rita neves costaO valor da inocênciaNum dia marcado pela visita de António Guterres, secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), a Moscovo, a troca de acusações é interminável. É o 62.º dia de guerra. Ficará tudo igual? É a pergunta que todos queremos ver respondida.
pedro araújoViolência que nos fere a todosO que une a guerra na Ucrânia à morte de quem está ainda na força da vida, à violação sexual de quem ainda não atingiu a maioridade e ao fim do SEF? A ligação entre os eventos está na violência, a perpetrada de forma deliberada, a acidental ou a que não tem explicação possível.
almiro ferreiraO dia de Zelensky, as paródias da política e as rábulas da bolaPresidente da Ucrânia aclamado por (quase) todo o Parlamento português. A promessa de solidariedade de Portugal à Ucrânia vítima dos blindados russos e a gentileza diplomática e recíproca. Solenidade desta é que não haverá esta noite de quinta-feira, nos antagonismos da bola, entre F.C. Porto e Sporting, nem nas moscas de Putin ou no socos de Tyson. Acompanhe tudo em www.jn.pt.
inês banhaPoderão as boas intenções livrar a Ucrânia do inferno?Como se termina com a guerra na Ucrânia? Ao 56.ª dia da invasão russa, a pergunta continua sem resposta, mesmo que, fora do inferno em que se tornou aquele país, continuem a não faltar intenções que só o tempo dirá se são boas.
paulo lourençoOs últimos dias de Mariupol no adeus a Eunice MuñozNo dia em que Eunice Muñoz foi a enterrar e que a Câmara do Porto aprovou a proposta de saída da Associação Nacional de Municípios Portugueses, não deixa ainda de ser a guerra na Ucrânia a estar no topo das preocupações. A poucos dias de se completarem dois meses sobre o início da agressão russa, continuam a chegar exemplos inimagináveis de sobrevivência e resistência, mas a queda de Mariupol afigura-se como iminente, ao contrário da paz que parece um sonho cada vez mais distante.
miguel patacoDo inferno na terra à bomba que cobrava sem abastecerJá lá vão 54 dias e Mariupol ainda não hasteou a bandeira branca. A derradeira resistência ucraniana na cidade portuária fala de um autêntico inferno na terra, mas o fogo de uma guerra que dura há quase dois meses não se trava em fronteiras regionais como prova o ataque desta segunda-feira a Lviv. Enquanto a China continua a mostrar mão de ferro na luta contra a covid-19 e Portugal é o sétimo país europeu com mais cassos diários, um posto de combustível em Vila Pouca de Aguiar decidiu que o preço do gasóleo não estava alto o suficiente...
"Espero que a morte me chegue serena"Esta Sexta-Feira Santa fica marcada pela morte da grande dama do teatro. Eunice Muñoz, reconhecidamente uma das maiores atrizes portuguesas, deixou o palco da vida aos 93 anos. O dia foi farto em reações de todos os quadrantes, desde o setor da Cultura ao Presidente da República. "Não a esquecemos, nunca a esqueceremos, estará sempre no nosso coração", disse Marcelo Rebelo de Sousa na página oficial da Presidência.
norberto lopesOs combustíveis, os bebés e a covid-19O presidente da Rússia aponta o dedo à União Europeia e olha para a Ásia. Em Portugal, a taxa de nascimentos dispara e nos Estados Unidos as crianças preparam-se para levar a terceira dose contra a covid-19.
Nem tudo são más notíciasA pandemia e a guerra na Ucrânia obrigaram a uma injeção de 7,6 mil milhões de euros na economia. A medida foi conhecida esta quarta-feira, com a nova proposta de Orçamento do Estado para este ano, que não é muito diferente da chumbada no ano que passou. A economia deve crescer 4,9% e a inflação vai disparar. O editor-executivo do Jornal de Notícias, António José Gouveia, explica tudo no habitual comentário JN. E nem tudo são más notícias.
eduardo pedrosa costaAlgumas tragédias não se queixamNem todas as pessoas vítimas de uma tragédia podem queixar-se. Algumas viram o seu país ser invadido, outras iam para uma semana de diversão ou apenas para o trabalho, mas ainda há espaço para denúncias.
ana tulhaA bravura de lutar um último diaImagine-se um mês a lutar sem munições, sem comida, sem água. Imagine-se a dureza de 40 dias a resistir quando os inimigos impõem um recuo irreversível, rumo a um beco sem saída. Imagine-se a angústia de saber que já nem a bravura valerá para resistir por mais um dia. Eis a pungente realidade da 36.ª brigada da Marinha Nacional das Forças Armadas ucranianas, estacionada num porto do sudeste de Mariupol.
Um convite em tempo de guerraAo 44º dia de guerra, a Ucrânia foi formalmente convidada a aderir à União Europeia. O convite foi feito, simbolicamente, numa conferência de imprensa em Kiev, na qual a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, entregou ao presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, um envelope com um questionário. Com base nas respostas, a Comissão Europeia há de emitir uma recomendação ao Conselho Europeu, para este estabelecer, depois, os passos seguintes do processo de adesão. O que costuma demorar "anos", deverá demorar "semanas", declarou von der Leyen, depois de outras promessas: uma sexta vaga de sanções contra a Rússia; e um cheque de mil milhões de euros para a Ucrânia. Ao lado, o chefe da diplomacia europeia, Josep Borrell, enfatizou aquilo que, a seu ver, falta à Ucrânia: "Armas, armas, armas". "O mínimo que podemos fazer é dar-vos armas", disse Borrell.
sílvia gonçalvesA curva infame da guerra e a crueza de um vestido de criançaA aritmética da guerra prossegue a curva infame, desvendada na sucessão de valas comuns, na exposição de corpos lançados sobre o asfalto, na ignomínia do ímpeto sádico de aniquilação apontado à massa coletiva de inocentes, sem intervenção direta no jogo maquinal do confronto. Os massacres em Bucha, a Noroeste de Kiev, Irpin e Gostomel, atiraram por terra ilusões de cumprimento de um quadro de normas internacionais que delimitam as regras da guerra. Na liquidada Mariupol, o município fala agora em mais de cinco mil mortos civis. Números atirados por alto, que a devastação da cidade estendida sobre o Mar de Azov não permite contabilizar o rastro de morte ocultado sob os escombros. E Zelensky, o irredutível, insiste no envio massivo de armas para a Ucrânia, na aplicação de sanções "realmente dolorosas", que verguem a voracidade da Federação Russa. O mesmo apelo que há-de repetir, 'ad nauseam', na intervenção, a partir de Kiev, no Parlamento português, que deverá acontecer entre os dias 18 e 22 deste mês.