"Há quem procure utilizar estes casos" para derrubar o Executivo, diz ministro
<p>O ministro da Presidência afirmou hoje que há quem tente derrubar o Governo através de casos depois de não o ter conseguido em eleições e considerou compreensível que o PSD não queira Sócrates como primeiro ministro.</p>
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Em conferência de imprensa, no final do Conselho de Ministros, Pedro Silva Pereira foi confrontado com pedidos de dirigentes e deputados do PSD (entre eles António Capucho e Pacheco Pereira) que entendem que José Sócrates deixou de ter condições para ser primeiro ministro após a divulgação de escutas no âmbito do Processo Face Oculta.
"É verdade que há quem, não conseguindo derrubar o PS que suporta o Governo por meios democráticos em eleições, procure utilizar estes casos para obter esses resultados políticos", respondeu o ministro da Presidência.
Comentando em concreto as declarações de António Capucho em entrevista à Antena 1, Pedro Silva Pereira frisou que o presidente da Câmara de Cascais "é uma das figuras mais destacadas do PSD".
"Que uma das figuras mais destacadas do PSD não queira que Portugal seja governado por este primeiro ministro isso é muito compreensível, mas esses assuntos resolvem-se nas eleições. Quanto a saber quem é ou deixa de ser o secretário geral do PS, isso é uma coisa que cabe ao PS resolver e, tanto quanto sei, é o PSD que está agora encarregue de resolver o seu problema interno", contrapôs.
Interrogado sobre a posição de magistrados de Aveiro que investigam o processo "Face Oculta" e que sustentaram a existência de indícios de criminalidade neste caso, Pedro Silva Pereira voltou a salientar que o seu executivo "não tem e nunca teve qualquer plano para controlar a comunicação social".
"A avaliação que foi feita por um juiz de instrução a propósito de elementos que pôde consultar foi objeto de uma avaliação por quem tinha competência no nosso sistema de justiça para avaliar. O senhor procurador geral da República [Pinto Monteiro], num determinado enquadramento, o senhor presidente do Supremo Tribunal de Justiça, em relação a factos mais delimitados, concluíram no mesmo sentido", declarou.
Para Pedro Silva Pereira, estas duas instâncias concluíram "não apenas pela inexistência de uma factualidade que pudesse justificar um qualquer procedimento criminal, mas também em relação à inexistência de um plano gizado pelo primeiro ministro ou pelo Governo no sentido do controlo da comunicação social".
"As escutas que foram divulgadas de forma alguma desmentem essas conclusões. Uma coisa são os elementos e as conclusões a que terá chegado um juiz de instrução em Aveiro, outra coisa são os elementos e conclusões a que chegaram os responsáveis pela justiça nas suas mais altas instâncias", advogou o ministro da Presidência.
Na conferência de imprensa, este membro do Governo deixou também críticas a quem entende que há falta de liberdade de Imprensa em Portugal.
Segundo Pedro Silva Pereira, "a teoria de uma comunicação social asfixiada, onde as pessoas não podem falar, não corresponde à realidade que os portugueses veem entrar pela casa dentro todos os dias nas televisões, nas rádios, ou quando compram os jornais".